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VI. – O Génesis – História dos Patriarcas Escola de Dirigentes do MCC Formação VI. – O Génesis – História dos Patriarcas Escola de Dirigentes do MCC Formação Básica na Fé VI 1

6ª sessão – O Génesis – História dos Patriarcas Sumário: 1 – GENERALIDADES SOBRE 6ª sessão – O Génesis – História dos Patriarcas Sumário: 1 – GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 2 – O CICLO DE ABRAÃO 3 – O CICLO DE ISAAC 4 – O CICLO DE JACOB 5 – O CICLO DE JOSÉ 6 – EM JEITO DE CONCLUSÃO… 7 – Bibliografia recomendada 2

3 1 – GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 3 1 – GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50

4 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 OS PATRIARCAS E A HISTÓRIA PATRIARCAL. PATRIARCAS 4 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 OS PATRIARCAS E A HISTÓRIA PATRIARCAL. PATRIARCAS MATRIARCAS Chefes das grandes famílias, clãs ou tribos do povo de Israel. P Os patriarcas podem ser: a) Os chefes de família israelitas do tempo da monarquia (2 Cro 19, 8; 26, 12), conforme a Versão dos Setenta. b) No Novo Testamento recebem também este título Abraão, (Heb 7, 4), os 12 filhos de Jacob (Act 7, 8 -9) e David (Act 2, 29). c) Os 10 que aparecem antes do Dilúvio ( «pré-diluvianos» : Adão, Set, Enos, Cainã, Malalel, Jared, Henoc, Matusalem, Lamec e Noé) e os 10 que aparecem após o Dilúvio ( «pós-diluvianos» : Sem, Arfaxad, Sale, Heber, Faleg, Reú, Sarug, Nacor, Tare e Abrão). d) E os «patriarcas propriamente ditos» : Abraão, Isaac e Jacob. A história dos patriarcas está em Gn 12 -50 (origens de Israel e elementos que condicionaram a sua vida como povo eleito).

5 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 De uma perspectiva universal, de universal Gn 5 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 De uma perspectiva universal, de universal Gn 1 -11… … a uma perspectiva mais estreita, estreita de Gn 12 -50 Origens da humanidade (Tábua de Adão) Origens do Povo de Israel (Tábua de Abraão) Abraão domina a narração; mas a finalidade do narrador bíblico é mostrar como a genealogia, iniciada em Gn 1 -11, se vai restringindo única e exclusivamente aos descendentes de Jacob…

6 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 O PLANO LITERÁRIO DE GN 12 -50 6 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 O PLANO LITERÁRIO DE GN 12 -50 a) A ESTRUTURA DE GN 12 -50 GÉNESIS = «ORIGENS» 1 -11: do Homem 12 -50: do Povo de Israel ÊXODO = «SAÍDA» O Povo de Deus no Egipto e sua saída… Abraão, Jacob e José no Egipto… A história dos patriarcas pode ser estruturada de inúmeras formas. Os ciclos não são “estanques” nem nitidamente formas delimitados; por vezes, um ciclo entrelaça-se com outro, como é o caso do Ciclo de Isaac; por isso, este é apresentado ou como um ciclo à parte ou como fazendo parte de outros.

7 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Um exemplo de divisão de Gn 12, 7 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Um exemplo de divisão de Gn 12, 1 -50, 26: Com o Ciclo de Isaac à parte… a partir de 11, 25 já temos dados sobre Abrão… Ciclo ou História de Abraão Gn 12, 1 -23, 20: da vocação de Abrão até à morte de Sara. Ciclo ou História de Isaac Ciclo ou História de Jacob Ciclo ou História de José Gn 24, 127, 46: do Gn 28, 1 -36, 43: Gn 37, 150, 26 casamento de Isaac até ao envio de Jacob à Mesopotâmia da ida de Jacob a Betuel até descendência de Esaú Filhos de Jacob, José e História de Isaac e Jacob irmãos Gn 12, 1 - 25, 18: até Com o Ciclo de Isaac junto… Gn 25, 19 -36, 43: até à aos descendentes de Ismael; começa já a História de Isaac descendência de Esaú. (promessa do nascimento, sacrifício e casamento) Gn 37, 150, 26

8 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 b) A HISTÓRIA PATRIARCAL COMO HISTÓRIA FAMILIAR 8 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 b) A HISTÓRIA PATRIARCAL COMO HISTÓRIA FAMILIAR E RELIGIOSA Trata-se de uma história familiar, que transcorre ao familiar longo de quatro gerações, tendo mais importância Abraão, Jacob e José. As histórias humanas e familiares que se vão sucedendo pertencem todas a um grupo fortemente ligado por nexos de sangue As narrações estão marcadas por contínuas intervenções divinas, que constituem uma clara divinas manifestação da vontade de Deus de levar a cabo uma história de salvação através de Abraão e a sua descendência.

9 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 c) COMO E QUANDO FOI ESCRITA? A 9 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 c) COMO E QUANDO FOI ESCRITA? A História patriarcal é fruto de várias recolhas: recolhas Recolhas de material de povos vizinhos, como lendas antigas e referências a El, que faziam parte do espólio cultural dos santuários cananeus… Recolhas de tradições orais das tribos, seus costumes, rixas, relações familiares, como os matrimónios, os filhos, os falecimentos, etc. , tudo contado à volta da fogueira… Recolhas de relatos sobre genealogias (patriarcas, povos)… Recolhas da liturgia que se ensinava nos grandes santuários (Betel, Hebron, Siquém, Silo…)…

10 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Transmissão oral das várias tradições (durante mais 10 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Transmissão oral das várias tradições (durante mais de 1000 anos) Acontecimentos de Gn 12 -50 • Material “caseiro” + “estrangeiro”; • Material “sagrado” + “profano” (+/- 2000 a 1700 a. C. ) Começam a ser escritos nos Reinados de David e Salomão (+/- séc. X a. C. ) Assim se explicam diferenças cronológicas e até teológicas entre os documentos; por outro lado, a variedade dos géneros literários na História Patriarcal. Redacção definitiva (+/- séc. V a. C. ) Documento Javista (J) Documento Eloísta (E) Documento Sacerdotal (P)

11 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 d) AS TRADIÇÕES DE GN 12 -50 11 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 d) AS TRADIÇÕES DE GN 12 -50 Do ponto de vista literário, a História patriarcal é viva, cheia de episódios concretos, atribuída, em grande parte, à tradição Javista. Mas estão presentes três tradições: Javista Génesis 12 -50 12 -13 14 15 -50 JAVISTA ? JAVISTA (Deus é o Deus universal; os patriarcas são homens de fé, mas com defeitos; apesar disso, pode sempre confiar em Deus) Sacerdotal (realça aspectos mais litúrgicos, sinais sagrados e genealogias) ELOÍSTA (Deus mais distante, comunica-Se com sonhos, anjos, vozes celestes; os patriarcas são vistos sob uma luz mais favorável, como grandes heróis religiosos)

12 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 e) GÉNEROS LITERÁRIOS DE GN 12 -50 12 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 e) GÉNEROS LITERÁRIOS DE GN 12 -50 São vários, entre eles: As sagas ou histórias antigas (relatos religiosos populares) de todo o género: luta pelos poços, guerras tribais, histórias de famílias… Têm um fundo histórico, biográfico, mas cuja história é trabalhada segundo a mentalidade histórica dum povo, tempo e espaço, de modo a transmitir uma experiência de Deus, pois fundamentam a existência do povo de Israel como povo crente. Novela sapiencial: no caso da História de José. sapiencial A lenda: consiste em reproduzir um relato a partir de um facto real, lenda nome de pessoa ou lugar. Há lendas etiológicas, que pretendem explicar, no passado, a “causa” de um fenómeno ou acontecimento do presente (por ex. : a destruição de Sodoma e Gomorra) ou ainda para explicar a origem de nomes de pessoas. Genealogias: lista de nomes que recua o mais possível no tempo; Genealogias pretende justificar no aspecto jurídico certos acontecimentos, privilégios de uma classe social ou povo, como veremos adiante.

13 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 CONTEXTO HISTÓRICO, SOCIAL E GEOGRÁFICO DA ÉPOCA 13 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 CONTEXTO HISTÓRICO, SOCIAL E GEOGRÁFICO DA ÉPOCA PATRIARCAL A Era dos patriarcas (2000 a. C-1700 a. C. ) insere-se na época das migrações dos povos que, perseguidos por novos povos, se dirigiam para Ocidente; o próprio clã de Abraão terá feito parte destas migrações. Mesopotâmia superior: Hurritas. Mesopotâmia inferior: Amorreus.

14 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Os conhecimentos que se possuem do ambiente 14 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Os conhecimentos que se possuem do ambiente histórico e social do antigo Próximo Oriente favorecem a situação dos patriarcas nessa época. Os vínculos entre os patriarcas e o seu ambiente eram estreitos (jurídicos, étnicos e até religiosos), apesar de se moverem investidos por uma chamada divina e tiveram a fé no Deus único. O Antigo Testamento ainda não se tinha escrito! Ugarit Mari Nuzi Ur As escavações em Ugarit, Ur, Mari e Ur, por exemplo, mostraram isso mesmo…

15 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Tinham costumes semelhantes às tribos nómadas e 15 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Tinham costumes semelhantes às tribos nómadas e seminómadas do seu tempo; de facto: a) Moravam em tendas (Gn 12, 8 -9; 13, 3), com o seu gado (13, 5), nas proximidades dos poços (21, 25) e da água (13, 10). b) Emigravam com frequência a outras regiões devido às carestias (12, 10), indo de acampamento em acampamento (13, 3) e realizando migrações segundo as estações (transumância). c) Sentiam-se solidários entre eles, até à ajuda mútua e caso de guerra (14, 13 -16). d) A hospitalidade era tido em alta estima (18, 1 -8; 24, 18 -32). e) Nos casamentos cuidavam da pureza do sangue, procurando mulheres consanguíneas (Gn 24 e 29, matrimónio de Isaac e Jacob). Estas tradições foram conservadas quando Israel se tornou sedentário.

16 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Também os seus costumes sociais e jurídicos 16 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Também os seus costumes sociais e jurídicos apresentam afinidades com o povo da Alta Mesopotâmia, em particular Mesopotâmia com Nuzi. 1) A adopção era praticada em Nuzi, com a atribuição do pleno direito ao nome e à herança, um gesto que Jacob realiza com respeito aos filhos de José (48, 5. 12 -16). 2) A adopção de um escravo como filho e herdeiro, quando não tinham tido filhos próprios, como sucede com Eliezer de Damasco, a quem Abraão adopta (15, 2); contudo, depois nasceu Isaac, filho legítimo e Eliezer perdeu o seu direito. 3) A entrega de uma escrava ao marido por parte da esposa para remediar a própria esterilidade e procriar filhos como próprios, como Sara, Raquel e Lia (16, 2; 30, 3; 30, 9). 4) O modo da venda da primogenitura, como tem lugar na história de Esaú e Jacob (25, 27 -34).

17 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 5) O costume de casar-se com consanguíneos 17 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 5) O costume de casar-se com consanguíneos da linha colateral ou descendente, costume que a Lei de Moisés condena, mas é conforme ao Código de Hamurabi. 6) O matrimónio com duas irmãs, proibido mais tarde pela Lei de Moisés (Lv 18, 18). 7) O intercâmbio de propriedade, onde todas as transacções tinham a ver com a transferência de propriedade, eram anotadas testemunhas, seladas, e proclamadas na porta da cidade (Gn 23, 10 -18: compra da gruta sepulcral em Macpela). 8) Herança. Em Nuzi existia uma lei no sentido de que a propriedade e a liderança da família podia ser passada ao esposo de uma filha, sempre e quando o pai tivesse entregue seus ídolos familiares ao genro. Assim quando Labão alcançou Jacob e buscou euforicamente em seu acampamento os ídolos familiares, não pode encontrar por que Raquel havia tomado os ídolos do lar, e os tinha escondido e sentado sobre ele (Gen 31: 30 -35). etc

18 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Os nomes próprios, os lugares geográficos que 18 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Os nomes próprios, os lugares geográficos que são mencionados, os sacrifícios de culto, as expressões do sentimento religioso e outros aspectos sociais e religiosos da vida patriarcal situam-se no contexto dessa época. Por exemplo, o nome divino «El» , conhecido pelos semitas ocidentais, que aparece na formação dos nomes teofóricos (nome de uma divindade) e na designação de estelas comemorativas (Gn 28, 18 -22; 31, 45 -48; 35, 14). Estes factores, entre outras, favorece a hipótese de uma história patriarcal situada na primeira metade do II milénio a. C.

19 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 A GEOGRAFIA NOS PATRIARCAS. • Os caminhos 19 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 A GEOGRAFIA NOS PATRIARCAS. • Os caminhos que, segundo a Bíblia foram seguidos pelos Patriarcas e suas tribos, ladeavam o rio Eufrates e seguiam ao longo das margens áridas do deserto, dotadas de poços de água. • Apresentavam as características das pistas frequentadas pelos seminómadas, «filhos da estepe» : já não são nómadas, mas também não são camponeses (sedentários), mas vão-se fixando. Isaac personifica o processo da fixação: «Isaac semeou naquela terra» (Gn 26, 12 -4).

1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Os nomes dos três patriarcas (Abrão, Isaac e 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Os nomes dos três patriarcas (Abrão, Isaac e Jacob) estão ligados a localidades determinadas, como Ur, Haran, Siquem, Betel, Fanuel, Mambré, Hebron, Bersabé… Ur está mais relacionada com Terá, pai de Abraão. Haran está relacionada com toda a história dos Patriarcas, tanto com Abraão, como com Isaac (cuja mulher provem de Haran) e Jacob (cujas mulheres, Liam e Raquel, nascem na mesma cidade). À volta de Haran, a região é chamada Padã Arão (Campo de Arão) ou Arão Naarim (Arão dos dois rios). Para Abraão, a história concentra-se sobretudo em Hebron, «Macpela» , junto de Mambré; mas também Siquem, Betel, Bersabé; Para Isaac tem maior importância Bersabé. E para Jacob, tem maior importância Betel, Siquem, Fanuel (na Palestina Central) 20

1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 21 A GENEALOGIA DOS PATRIARCAS. É importante a 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 21 A GENEALOGIA DOS PATRIARCAS. É importante a genealogia nos patriarcas. A genealogia de Abraão que o liga a Sem (filho mais velho de Noé) e a Seth tratase de uma tentativa bem intencionada de inserir Abraão na linha dos homens tementes a Deus, sem nenhuma pretensão de querer oferecer dados genealógicos exactos. É importante a questão jurídica, a transmissão de um direito e não tanto a questão biológica: entre Adão e Abraão, o pai de Israel, existe unidade na História da Salvação; a promessa feita em Gn 3, 15 chega a Abraão. É mais que certo que a genealogia da ascendência de Abraão deve ser posta em relação com localidades babilónicas. Esses semi-nómadas devem ter relacionado os mais importantes acontecimentos da sua vida, como o nascimento dos filhos, com o lugar que nasceu: por exemplo, «aquele de Nacor» …

22 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Segue-se uma árvore genealógica: Seth Tera Nacor 22 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Segue-se uma árvore genealógica: Seth Tera Nacor (ou Arão (ou Naor) Abrão (depois Haran) (Gn 11, 26) Abraão) De De Agar Quetura (2ª esposa – Ismael após a morte de Sara e do casamento de Isaac) 6 filhos (Gn 25, 1 -5) A «linha da promessa segue um andamento «esquisito» : … (ou Terá ou Taré) Sem Batuel De Sara Loth (ou (Gn 22, 23) (antes Sarai -1ª esposa ) Isaac Lot) (Gn 11, 27 ss) Labão Rebeca Moab e Ben-ami (Gn 25, 12 -16) Ismaelitas (na tradição, o povo islâmico) Esaú Jacob (depois Edomitas (Gn 36, 15 ss; 36, 31 ss) Israel) …há uma superação das estruturas dos homens e uma predilecção pelos mais fracos. Lia Ruben (1) Zilpa Bila (serva de Lia) Amonitas Raquel (serva de Simeão (2) Raquel) Levi (3) Gad (7) Dan (5) Judá (4) Aser (8) Neftali (6) Issacar (9) Zabulão (10) Dina Moabitas Israelitas José (11) Benjamim (12) Manassés Efraim

23 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Destaca-se as idades dos patriarcas: Nos dados 23 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 Destaca-se as idades dos patriarcas: Nos dados relativos às idades dos Patriarcas, Abraão, Isaac e Jacob, descobriu-se um estranho simbolismo numérico: Patriarca Anos Decomposição matemática Soma dos algarismos Abraão 175 7 x (5 x 5) 17 Isaac 180 5 x (6 x 6) 17 Jacob 147 3 x (7 x 7) 17 Há uma dupla série numérica: uma linha decrescente 7, 5, 3 e uma linha crescente 5 (x 5), 6 (x 6), 7 (x 7) desde Abraão a Jacob através de Isaac. Embora o sentido exacto nos escape, o certo é que pretendem expressar por um acto de fé que na vida dos patriarcas nada acontecia por acaso e que as suas vidas foram agradáveis a Deus nos anos em que viveram. O facto da idade ter encurtado significativamente desde a Criação não é um facto biológico, mas uma ideia teológica: ao ir a humanidade afastando-se de Deus, as pessoas vão vivendo menos. «Honra teu pai e tua mãe para que tenhas longa vida» (Ex 20, 12), a longa vida é sinal de bênção divina. Nesta ordem de ideias, Jesus Cristo, que não chegou aos 40 teria sido um maldito!

1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 24 COMO ERA A RELIGIÃO DOS PATRIARCAS? «Com 1. GENERALIDADES SOBRE GN 12 -50 24 COMO ERA A RELIGIÃO DOS PATRIARCAS? «Com o andar do tempo, aumentou o conhecimento espiritual. Por isso Moisés foi mais erudito na ciência de Deus do que os patriarcas, os Profetas mais do que Moisés e os Apóstolos mais do que os Profetas» (S. Gregório Magno). Deus revelou-Se aos homens, adaptando-se à sua mentalidade, “contentando-Se” primeiro numa fé acessível; é possível que tivessem a ideia do Deus tutelar de uma localidade, diferente das divindades que protegiam as outras tribos (henoteísmo). henoteísmo Na história de cada Patriarca são nomeadas diversas divindades = El (El. Shaddai, Gn 17, 1; El-Elion, Gn 14, 18; El-Betel, Gn 28, 10 -22, etc. ). Mas estas divindades El não são realmente ídolos locais, mas manifestações dum único El e como tal, representam uma unidade. Identificar Javé com o «Deus dos Pais» , levou a: 1ª - Continuidade histórica, é um único Deus que guiou os destinos de Israel até aos dias de Abraão. 2ª - Um processo de purificação monoteísta, com o culminar na época dos Reis, com a unidade do culto religioso.

25 2 – O CICLO DE ABRAÃO 25 2 – O CICLO DE ABRAÃO

26 2. O CICLO DE ABRAÃO COMO FIGURA-CHAVE NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO Inicia-se o 26 2. O CICLO DE ABRAÃO COMO FIGURA-CHAVE NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO Inicia-se o diálogo de Deus com o Homem: Deus chama e Abraão responde… A iniciativa do chamamento é de Deus, e Ele dirige a História… História Abraão é o modelo do chamado: o seu exemplo é estímulo para os chamado homens, pois é retratado como um homem (com seus defeitos, que segue por vezes o seu próprio juízo) e não como um “anjo”… Abraão responde com fé e obediência, mesmo nas provas… É chamado a ser «pai» : de Isaac, do Povo de Israel (primeiro antepassado do Povo de Israel e a personagem principal dos patriarcas), «pai dos crentes» ou «pai da fé» (cristãos, judeus e crentes fé muçulmanos; a sua fé é exemplo para todos: confia no Senhor, faz-se a caminho, confia na descendência que Deus lhe irá dar, confia em Deus, quando lhe pede para sacrificar o filho…) e «pai da Igreja» (cf. Diodoro Igreja de Tarso, +394; o contacto salvífico e o diálogo com Deus começa com Abraão e tem o culminar em Cristo e no final dos tempos)

27 2. O CICLO DE ABRAÃO VISÃO GERAL DO CICLO DE ABRAÃO O Ciclo 27 2. O CICLO DE ABRAÃO VISÃO GERAL DO CICLO DE ABRAÃO O Ciclo de Abraão situa-se em Gn 12, 1 -25, 18. Contudo, a partir de Gn 11, 25 temos dados sobre Abrão. O fio condutor é o de vocação e promessas. A VOCAÇÃO DE ABRAÃO (12, 1 -9). 1 O SENHOR disse a Abrão: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar. 2 Farei de ti um grande povo, abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e serás uma fonte de bênçãos. 3 Abençoarei aqueles que te abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem. E todas as famílias da Terra serão em ti abençoadas. » (…) 7 O SENHOR apareceu a Abrão e disse-lhe: «Darei esta terra à tua descendência. » (Gn 12, 1 -9)

28 2. O CICLO DE ABRAÃO Abraão é chamado e responde: as suas viagens 28 2. O CICLO DE ABRAÃO Abraão é chamado e responde: as suas viagens Gn 11, 31: «Tera tomou seu filho Abrão, seu neto Lot, filho de Haran, e sua nora Sarai, mulher de Abrão, seu filho, e partiu com eles de Ur, na Caldeia, e dirigiram-se para a terra de Canaã» . O «Crescente Fértil» facilita as migrações… 4 …mais tarde vai ao Egipto… 2 …e instala -se em Haran. Abraão pertencia a um clã de seminómadas. A sua expansão pode estar relacionada com a dos Amorreus. Por volta de 1850 a. C. (data “aproximada”), Abraão parte de Ur dos caldeus (na Mesopotâmia)… 3 5 …e ao regressar, separase de Lot e instala-se em definitivo em Hebron. 1 Em Haran ouve o chamamento do Senhor e vai morar para a «Terra Prometida» , para Siquém; Gn 12, 1: «O Senhor disse a Abrão: deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar» . Gn 12, 4 -6: «Abrão partiu, como o Senhor lhe dissera (…) quando saiu de Haran, Abrão tinha setenta e cinco anos (…) e partiram todos para a terra de Canaã (…) até ao lugar de Siquém» . Gn 12, 10: «Houve fome naquela terra. Como a miséria era grande, Abrão desceu ao Egipto para aí viver algum tempo» . Gn 13, 18: «Abrão desmontou as suas tendas e foi residir junto aos carvalhos de Mambré, próximo de Hebron» . A Viagem de Abraão tem motivos Económicos (melhores condições de vida) e religiosos: Chamamento do Senhor

29 2. O CICLO DE ABRAÃO Bênção (barak): não há prosperidade sem ela; começa-se 29 2. O CICLO DE ABRAÃO Bênção (barak): não há prosperidade sem ela; começa-se a preparar a vinda do Messias, que levará a bênção a todos. Promessas divinas: feitas a Abraão e confirmadas a divinas Isaac e a Jacob (acompanhadas da protecção divina), são: a) Um filho: cumpre-se em Isaac. b) Uma numerosa descendência: os hebreus no Egipto tornam-se muito numerosos. c) Uma terra: inicia-se com a compra da gruta de Macpela por Abraão, continua com Josué e a conquista da terra e aponta para a “nova terra”, de que fala o Apocalipse. d) Uma bênção (promessa messiânica): da sua descendência há-de nascer o Messias. Fé: o caminho começa pelo acolhimento de Abraão da Fé palavra de Deus sem restrições (deixa terra, credo…).

30 2. O CICLO DE ABRAÃO ABRÃO E SARAI NO EGIPTO (12, 10 -20). 30 2. O CICLO DE ABRAÃO ABRÃO E SARAI NO EGIPTO (12, 10 -20). «(…) 13 Diz, pois, que és minha irmã, peço-te, a fim de que eu seja bem tratado por causa de ti, e salve a minha vida, graças a ti (…). » Abrão segue os juízos humanos: sai da Terra humanos Prometida, mente ao dizer que sua esposa é sua irmã, expõe a sua esposa a outro homem… Relatos paralelos: em Gn 20, 2 (perante o rei paralelos Abimelech); e com Isaac e Rebeca (Gn 26, 6 -11). a) b) c) d) e) Conclusões desta narrativa “baixa”: Pretende-se enaltecer a beleza da matriarca. Ninguém está a salvo de possíveis quedas e tentações. Alegoria antecipada da escravidão do Egipto e do êxodo. Nada pode desviar ou anular o projecto de Deus. Abraão só dissimulou parte da verdade (irmãos pelo pai, 12). cf. Gn 20,

31 2. O CICLO DE ABRAÃO SEPARAÇÃO DE ABRÃO E LOT e RENOVAÇÃO DAS 31 2. O CICLO DE ABRAÃO SEPARAÇÃO DE ABRÃO E LOT e RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS DE DEUS (13, 1 -18). «(…) 8 Abrão disse a Lot: «Peço-te que entre nós e entre os nossos pastores não haja conflitos, pois somos irmãos. 9 Aí tens essa região toda diante de ti. Separemo-nos. Se fores para a esquerda, irei para a direita; se fores para a direita, irei para a esquerda. » 10 Lot ergueu os olhos e viu todo o vale do Jordão, que era inteiramente regado (…). » Os irmãos na Bíblia: Abrão é tio de Lot, no Bíblia hebraico não há palavra para «primo» , «tia» , designando «irmão» todos os parentes consanguíneos. Como os «irmãos de Jesus» … A Generosidade de Abrão: oferece a escolha Abrão do caminho ao seu sobrinho Lot que escolhe as melhores terras; esta escolha irá ser-lhe fatal, mais tarde (cf. Gn 19); Em seguida, Deus renova as promessas a Abrão.

32 2. O CICLO DE ABRAÃO ABRÃO E OS QUATRO REIS (14, 1 -24). 32 2. O CICLO DE ABRAÃO ABRÃO E OS QUATRO REIS (14, 1 -24). «(…) 11 Os vencedores apoderaram-se de todos os bens de Sodoma e Gomorra, de todos os víveres e retiraram-se. 12 Apoderaram-se também de Lot, filho do irmão de Abrão, que habitava em Sodoma, e de todos os seus bens. (…)» A valentia de Abrão: Tropas da Mesopotâmia atacam vários reis Abrão (entre eles os de Sodoma e Gomorra), levando prisioneiros, entre eles Lot, a família e os seus bens. Abrão consegue libertá-los, com 318 homens. O pão e vinho: no regresso a casa, MELQUISEDEC, rei de Salém vinho (depois Jerusalém), sai ao encontro de Abrão, apresentando pão e vinho, que oferece ao Deus Altíssimo. Simbolizam a refeição de paz ou aliança entre o rei “pagão” e Abrão. No pão e vinho viu-se figura da Eucaristia e em Melquisedec a figura do Messias.

33 2. O CICLO DE ABRAÃO RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS (15, 1 -21). ALIANÇA DA 33 2. O CICLO DE ABRAÃO RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS (15, 1 -21). ALIANÇA DA CIRCUNCISÃO (17, 1 -27). «(…) 5 Já não te chamarás Abrão, mas sim Abraão, porque Eu farei de ti o pai de inúmeros povos. (…) 10 Eis a aliança estabelecida entre mim e vós, que tereis de respeitar: todo o homem, entre vós, será circuncidado. (…)» A Aliança com Abraão: surge em dois textos, Gn 15 e Gn 17. Abraão Génesis 15 Génesis 17 Tradição Javista Tradição Sacerdotal Não há mudança de nome Mudança de nome de Abrão ( «pai exaltado» para Abraão ( «pai da multidão» ); significa nova missão (Jacob-Israel, Simão-Pedro, etc). Aliança unilateral: Deus compromete-Se a dar a Abraão uma terra Abraão não se compromete a nada Aliança bilateral: Deus compromete-Se a dar a Abraão uma descendência e uma terra. Abraão compromete-se a guardar a circuncisão.

34 2. O CICLO DE ABRAÃO FUGA DE AGAR E ISMAEL (16, 1 -16). 34 2. O CICLO DE ABRAÃO FUGA DE AGAR E ISMAEL (16, 1 -16). «(…) 3 Então, Sarai, mulher de Abrão, tomou Agar, sua escrava egípcia, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, depois de Abrão ter vivido dez anos na terra de Canaã. 4 Ele abeirou-se de Agar, e ela concebeu. E, reconhecendo-se grávida, começou a olhar desdenhosamente para a sua senhora. (…)» Abrão segue o seu próprio juízo: serve-se de um juízo costume em vigor na sua época, para garantir a descendência; nasce Ismael. Mas Deus tem outros planos… Sarai humilha Agar: Abrão diz a Sarai para fazer de Agar o que lhe aprouver; Sarai humilha Agar e esta foge. Seguem a lei de Hamurabi, a qual ordenava que as escrava que concebera do seu senhor fosse humilhada, caso viesse a rivalizar com a esposa estéril.

35 2. O CICLO DE ABRAÃO PROMESSA DE UM FILHO (18, 1 -15). «Passarei 35 2. O CICLO DE ABRAÃO PROMESSA DE UM FILHO (18, 1 -15). «Passarei novamente pela tua casa dentro de um ano (…)e Sara, tua mulher, terá já um filho. » (…) 12 Sara riu-se consigo mesma e pensou: «Velha como estou, poderei ainda ter esta alegria, sendo também velho o meu senhor? » A Deus nada é impossível: conforme a tradição javista, Deus impossível aparece em pessoa ou acompanhado de dois anjos (duas leituras possíveis), em Mambré e renova a promessa do nascimento de Isaac, cujo nome significa «Que Deus sorria» ou «riso» , por Sara se ter rido. DESTRUIÇÃO DE SODOMA E GOMORRA (18, 16 -19, 38). «(…) 32 Abraão insistiu novamente: (…) Talvez lá não se encontrem senão dez. » E Deus respondeu: «Em atenção a esses dez justos, não a destruirei. » (…)» A humanização de Deus: Abraão Deus regateia com Deus, como os orientais; destaca-se o poder de intercessão dos justos e a justiça de Deus, que consiste em perdoar.

36 2. O CICLO DE ABRAÃO Lenda etiológica: com base numa lenda, da etiológica 36 2. O CICLO DE ABRAÃO Lenda etiológica: com base numa lenda, da etiológica destruição de cidades junto ao Mar Morto, a Bíblia dá-lhe sentido teológico; e tenta justificar o porquê das formas nesse local (estátua de sal, mulher de Lot). O pecado das cidades: as cidades, para os cidades nómadas, era o berço do mal; os pecados de Sodoma e Gomorra eram a sodomia, orgulho…, mas o pior pecado (para a época) era a falta de hospitalidade; Lot preferia dar as duas filhas ao povo do que importunar os seus hóspedes. Incesto das filhas de Lot: as mesmas embriagaram o pai para Lot terem relações com ele, para garantir a descendência. A considerar: a) Pensavam que já não havia ninguém mais com quem casar. b) Aparece ainda como frutos das cidades corrompidas. c) A descendência era considerado um dos maiores bens. d) As tribos dos moabitas e dos amonitas são fruto de um incesto, pois descenderam, respectivamente, da filha mais velha e da mais

37 2. O CICLO DE ABRAÃO E SARA EM GUERAR (20, 1 -18). Tema 37 2. O CICLO DE ABRAÃO E SARA EM GUERAR (20, 1 -18). Tema igual ao de Gn 12, 10 -20; diz que Sara é sua irmã, perante Abimelec. . . ISAAC E ISMAEL (21, 1 -21). «(…) 2 Sara concebeu e, na data marcada por Deus, deu um filho a Abraão, quando este já era velho, (…) Isaac. . » O filho da promessa: cumpre-se uma delas. promessa Agar e Ismael são expulsos: Segundo o Código de Hamurabi, o filho expulsos da escrava fica excluído da herança; havia a necessidade de não perturbar a ordem, afectada com a poligamia; mas Deus entra em favor de Ismael, vai fazê-lo pai de uma grande nação (de que deriva os muçulmanos) e não perde o afecto do pai (cf. Gn 25, 9). ABRAÃO E ABIMELEC (21, 22 -34). Disputas por um poço e aliança: Abraão ganha acesso a um poço em aliança Bersabeia; justifica a posse antecipada desse território pelos israelitas.

38 2. O CICLO DE ABRAÃO SACRIFÍCIO DE ISAAC (22, 1 -24). «(…) «Não 38 2. O CICLO DE ABRAÃO SACRIFÍCIO DE ISAAC (22, 1 -24). «(…) «Não levantes a tua mão sobre o menino e não lhe faças mal algum, porque sei agora que, na verdade, temes a Deus, visto não me teres recusado o teu único filho. » (…)» Sacrifícios humanos: eram humanos um costume em certos povos pagãos; com este relato a Bíblia condena esses actos (cf. Lev 18, 21). A prova de Abraão e a reposta de fé: Abraão aceita os fé dois desfechos, contraria a razão e confia em Deus. Este acto de fé fez de Abraão o «pai dos crentes» . O dilema de Abraão: sacrificar Abraão o filho querido, no qual encarna a promessa de Deus, de descendência numerosa ou “sacrificar” a Deus; como não sacrifica Deus, também salva o filho. Contrasta a ignorância de Abraão com a sabedoria divina.

39 2. O CICLO DE ABRAÃO COMPRA DA GRUTA DE MAKPELA (23, 1 -20). 39 2. O CICLO DE ABRAÃO COMPRA DA GRUTA DE MAKPELA (23, 1 -20). «(…) 19 Depois, Abraão enterrou Sara, sua mulher, na caverna de Macpela, em frente de Mambré, isto é, em Hebron, na terra de Canaã. 20 O terreno e a caverna nele situada passaram dos hititas para a posse de Abraão, como propriedade tumular. (…)» . Promessa da terra começa a cumprir-se: ao cumprir-se pagar pela gruta de Macpela, Abraão adquire um título de propriedade e direito de cidadania em Canaã. Essa posse é reforçada pelo carácter intocável dum cemitério (permanece até hoje). DESCENDENTES E MORTE DE ABRAÃO (25, 1 -18). «(…) 7 Esta é a duração da vida de Abraão: ele viveu cento e setenta e cinco anos. 8 Abraão foi-se extinguindo e morreu numa ditosa velhice (…)» Outros relatos: Abraão procura esposa para Abraão (como relatos veremos); casa-se com Quetura, da qual tem seis filhos; deixa as possessões a Abraão; é enterrado em Macpela, junto de Sara.

40 3 – O CICLO DE ISAAC 40 3 – O CICLO DE ISAAC

41 3. O CICLO DE ISAAC A FIGURA DE ISAAC: O BENDITO DO SENHOR 41 3. O CICLO DE ISAAC A FIGURA DE ISAAC: O BENDITO DO SENHOR Patriarca de “transição”: a vida de Isaac aparece “ofuscada” por Abraão e Jacob. Alguns dos aspectos importantes da sua vida (nascimento, sacrifício, casamento), aparecem ligados a Abraão; outros estão ligados ao Ciclo de Jacob (Isaac abençoa Jacob). Gn 26 é o único capítulo que se refere directamente a Isaac aceita o sacrifício: os Padres da Igreja relevam o valor sacrifício de Isaac, aceitou o sacrifício, numa doação pessoal. Isaac, «o bendito do Senhor» : é aquele que é, só por Senhor» disposição de Deus, pois o pai tê-lo-ia morto se Deus não tivesse disposto outra coisa. Isaac obediente e fiel: não comercializa com Deus (como fez fiel Abraão), mas coloca-se na obediência; é fiel e guarda a bênção recebida em herança.

42 3. O CICLO DE ISAAC Paralelismos com Abraão: longa expectativa da maternidade ( 42 3. O CICLO DE ISAAC Paralelismos com Abraão: longa expectativa da maternidade ( Abraão Sara / Rebeca); Abraão no Egipto diz que Sara é sua irmã / Isaac a Abimelec (rei dos filisteus) diz que Rebeca é sua irmã; Abraão faz uma Abimelec em Bersabeia, assim como Isaac também faz uma aliança com Abimelec, em Bersabeia. Paralelismo com Cristo: em Abraão brilha a imagem de Deus Pai, Cristo em Isaac aparece a figura de Cristo. O sacrifício de Isaac foi visto como o tipo de sacrifício de Cristo na Cruz. Vida de Isaac Vida de Cristo A lenha para o sacrifício O madeiro da Cruz O Monte Moriá O Monte Calvário Obediência até à morte de Crus Salvação efectuada pelo anjo Ressurreição da morte Rebeca Tipo da Igreja Esaú e Jacob, os dois filhos de Isaac e Rebeca Símbolo da Igreja dos pagãos e dos hebreus

43 3. O CICLO DE ISAAC VISÃO GERAL DO CICLO DE ISAAC? O Ciclo 43 3. O CICLO DE ISAAC VISÃO GERAL DO CICLO DE ISAAC? O Ciclo de Isaac situa-se em Gn 24, 1 -27, 46. Trata-se de um ciclo curto, distribuído, por vezes, por outros ciclos. A ESPOSA DE ISAAC (24, 1 -67). «(…) 67 Depois, Isaac conduziu Rebeca para a tenda de Sara, sua mãe, recebeu-a por esposa, e amou-a. (…)» . Deus vela promessa: mesmo com sobressaltos, promessa tudo acaba bem: as preocupações de Abraão, a fidelidade do servo mais velho, a pronta resposta de Rebeca e os préstimos do seu irmão mais velho, Labão. DESCENDENTES DE ABRAÃO (25, 1 -18) (visto em Abraão). ESAÚ E JACOB (25, 19 -28). Ver Ciclo de Jacob. O PRATO DE LENTILHAS (25, 29 -34). Ver Ciclo de Jacob. ISAAC EM GUERAR E BERSEBA (26, 1 -35). Isaac diz que Rebeca é sua irmã (como em dois relatos anteriores); Javé renova as promessas a Isaac. ISAAC ABENÇOA A JACOB (27, 1 -46). Ver no Ciclo de Jacob.

44 4 – O CICLO DE JACOB 44 4 – O CICLO DE JACOB

45 4. O CICLO DE JACOB A FIGURA DE JACOB. Jacob, o astucioso: ao 45 4. O CICLO DE JACOB A FIGURA DE JACOB. Jacob, o astucioso: ao contrário do que tinha acontecido astucioso com as histórias de Abraão e de Isaac, em que se notava uma atmosfera de alto nível religioso e espiritual, a história de Jacob desce desapiedadamente ao mais baixo da insuficiência humana, à bem conhecida astúcia beduína. Ao mesmo tempo, a acção divina em Jacob é mais escondida, silenciosa… Jacob, protegido por Deus: apesar de Jacob ser como é, Deus continua a ocupar-se dele e a conceder-lhe a protecção. VISÃO GERAL DO CICLO DE JACOB O Ciclo de Jacob situa-se em Gn 28, 1 -36, 43; a partir de 25, 19, Jacob começa a tornar-se a personagem principal, tanto em relação ao pai, como em relação ao seu irmão. Pode subdividir-se em: ciclo de Jacob e Esaú; ciclo de Jacob e Labão; ciclo de Jacob e José.

46 4. O CICLO DE JACOB ESAÚ E JACOB (25, 19 -28). «(…) 22 46 4. O CICLO DE JACOB ESAÚ E JACOB (25, 19 -28). «(…) 22 As crianças lutavam no seu seio, (…) «Duas nações estão no teu seio: dois povos sairão das tuas entranhas. Um prevalecerá sobre o outro, e o mais velho servirá o mais novo. » (…)» A história dos dois irmãos, Esaú e Jacob começa aqui, anda no ciclo de Isaac; irmãos Esaú é o preferido de Isaac; Jacob é o preferido de Rebeca. Lutam já no seio para mostrar a hostilidade entre os dois povos que deles sairão: Edom, de Esaú e Israel, de Jacob. O PRATO DE LENTILHAS (25, 29 -34). «(…) Ele jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacob. 34 Então Jacob deu-lhe pão e um prato de lentilhas (…)» . Esaú vende a primogenitura: Primeiro acto de Jacob para primogenitura “suplantar” o irmão. À ligeireza com que se porta Esaú contrapõe-se a astúcia de Jacob para adquirir a primogenitura, que lhe atribuía a maior parte da herança (2/3) e a supremacia sobre o irmão. Apesar das fraquezas do Homem, Deus conduz a história: mas a Bíblia não justifica, nem legitima esses actos.

47 4. O CICLO DE JACOB ISAAC ABENÇOA A JACOB (27, 1 -46). «(…)21 47 4. O CICLO DE JACOB ISAAC ABENÇOA A JACOB (27, 1 -46). «(…)21 Isaac disse a Jacob: «Anda, aproxima-te para eu te tocar, meu filho, e ver se és realmente o meu filho Esaú ou não. » (…) Sê o senhor dos teus irmãos; diante de ti se curvem os filhos da tua mãe! Maldito seja quem te amaldiçoar, e bendito seja quem te abençoar (…)» A astúcia de Jacob: agora, para assegurar a correspondente bênção Jacob patriarcal, serve-se da esperteza da mãe e da cegueira do pai. A moral da bênção roubada: não se pode avaliar este relato do alto roubada da pureza atingida pela moral do Novo Testamento; na época, a astúcia dos nómadas e dos beduínos era empregada com destreza; a moral doa patriarcas é, em grande parte, fruto do clima do tempo. Os culpados sofrem as consequências: é preciso notar que todos consequências são vítimas do pecado cometido (Jacob tem de fugir para Haran e Rebeca fica privada da presença do seu filho querido).

48 4. O CICLO DE JACOB O relato pretende evidenciar: evidenciar a) O papel 48 4. O CICLO DE JACOB O relato pretende evidenciar: evidenciar a) O papel das mulheres nos caminhos de Deus, numa sociedade marcadamente masculina como a patriarcal; b) A livre escolha divina não está confinada às normas do direito e do bom senso humano; c) A supremacia de Israel (representado por Jacob) sobre os povos vizinhos (Esaú). A bênção: era irrevogável, porque vem de Deus e fonte de favores bênção divinos e privilégios humanos. JACOB PARTE PARA PADAN-ARAM (28, 1 -28, 9). «(…) 5 Isaac despediu-se de Jacob, que se dirigiu a Padan-Aram, à casa de Labão, filho de Betuel, o arameu, irmão de Rebeca, mãe de Jacob e de Esaú. (…)» Casar com mulheres estrangeiras constituía um perigo de idolatria. Ao mesmo tempo, Jacob fugia do seu irmão Esaú.

49 4. O CICLO DE JACOB VISÃO EM BETEL (28, 10 -22). «(…) 12 49 4. O CICLO DE JACOB VISÃO EM BETEL (28, 10 -22). «(…) 12 Teve um sonho: viu uma escada apoiada na terra, cuja extremidade tocava o céu; e, ao longo desta escada, subiam e desciam mensageiros de Deus. 13 Por cima dela estava o SENHOR (…) 15 Estou contigo e proteger-te-ei para onde quer que vás e reconduzir-te-ei a esta terra, pois não te abandonarei antes de fazer o que te prometi (…)» Primeira teofania em Jacob: no meio da vida Jacob profana de Jacob surgem três importantes teofanias. Jacob, protegido de Deus: Jacob recebe em sonho a confirmação Deus que lhe dá alento. A escada estabelece a ligação entre o céu e a terra. O Senhor renova-lhe as promessas feitas a Abraão e Isaac, garante-lhe a protecção. Depois Jacob ergue um memorial do acontecimento, criando o lugar de culto Bet-El (=casa de Deus).

50 4. O CICLO DE JACOB MATRIMÓNIOS DE JACOB (29, 1 -30). «(…) 23 50 4. O CICLO DE JACOB MATRIMÓNIOS DE JACOB (29, 1 -30). «(…) 23 Mas, já de noite, conduziu Lia a Jacob, que dela se aproximou. (…) 30 Jacob uniu-se também a Raquel, que amava mais do que a Lia. E serviu ainda em casa de Labão durante outros sete anos (…)» . Jacob e Raquel: ao chegar a Haran, encontra Raquel, sua prima, que dá de beber ao seu rebanho, recorda o gesto de sua mãe, Rebeca. Jacob é enganado por Labão: Jacob terá de trabalhar sete anos Labão para merecer Raquel; mas na noite do casamento, troca Raquel por Lia, a irmã mais velha; para conseguir Raquel, terá de trabalhar mais sete anos para Labão. De notar o seguinte: a esposa, Raquel, levava um véu nupcial: alusão à cegueira de Isaac, que foi aproveitada por Jacob; foi-lhe dada a irmã mais velha e não a mais nova: Jacob está a sofrer as consequências do engano feito a seu irmão mais velho, Esaú.

51 4. O CICLO DE JACOB FILHOS DE JACOB (29, 31 -30, 24). 31 51 4. O CICLO DE JACOB FILHOS DE JACOB (29, 31 -30, 24). 31 Vendo o SENHOR que Lia não era amada, tornou-a fecunda, enquanto Raquel permanecia estéril. (…) 22 Deus recordou-se de Raquel, ouviu-a e tornou-a fecunda. 23 Ela concebeu e deu à luz um filho. E disse: «Deus apagou a minha vergonha. » 24 E chamou-lhe José, dizendo: «Que o SENHOR me acrescente ainda outro filho!» Os 12 filhos de Jacob: num processo simplificado, os doze filhos de Jacob dão origem às doze tribos de Israel. 12 é o número da totalidade; Jesus também irá escolher 12 apóstolos. Segue-se uma árvore genealógica: Os nomes dos filhos são explicados popularmente; muitas vezes seriam tomados das palavras pronunciadas pelos pais ao nascer o filho. Por exemplo: «Rúben = «viu a aflição» ; «José = «juntar» , etc. Jacob (depois Israel) Lia Ruben (1) Zilpa (serva de Lia) Bila (serva de Raquel) Simeão (2) Levi (3) Gad (7) Dan (5) Judá (4) Aser (8) Neftali (6) Issacar (9) Zabulão (10) Dina Raquel Israelitas José (11) Benjamim (12) Manassés Efraim

52 4. O CICLO DE JACOB ENGANA A LABÃO (30, 25 -43). «(…)31 Disse-lhe 52 4. O CICLO DE JACOB ENGANA A LABÃO (30, 25 -43). «(…)31 Disse-lhe Labão. «Que te hei-de dar? » Jacob respondeu: «Não me darás nada, mas, se acatares a minha proposta, tornarei a apascentar e a guardar o teu rebanho. 32 Passarei hoje, através de todo o teu rebanho e separarei todo o animal malhado e com manchas; entre os cordeiros, todos os animais negros e, entre as cabras, as malhadas e com manchas; será essa a minha recompensa. (…)» . A proposta de Jacob: aparentemente, Jacob ficava a perder, pois as Jacob ovelhas com manchas eram uma excepção; e Labão “esfregava as mãos de contente”! Jacob, considerado assalariado, segundo o direito de então, não podia levar para outra família as mulheres e filhos nascidos na família de Labão. Mas Jacob considera que eles são o preço de 14 anos de trabalho para Labão, sentindo-se enganado. Jacob arranja maneira de as ovelhas malhadas aumentarem vertiginosamente e assim enriqueceu. A protecção divina: o relato ilustra que Deus protegia Jacob e era o divina castigo das injustiças cometidas contra ele por Labão.

53 4. O CICLO DE JACOB FUGA DE JACOB (31, 1 -21). «(…) 20 53 4. O CICLO DE JACOB FUGA DE JACOB (31, 1 -21). «(…) 20 Jacob enganou assim Labão, o arameu, e fugiu sem lhe dizer nada. 21 Fugiu com tudo o que lhe pertencia (…)» . Labão abusara; as filhas aconselham-no a fugir e seguir os planos de Deus. PERSEGUIÇÃO DE LABÃO (31, 22 -42). «(…) 27 Porque fugiste furtivamente, enganando-me, em lugar de me avisar? (…) 31 Jacob respondeu a Labão: «Tive medo de te avisar, pois pensei que me tirarias as tuas filhas. 32 Quanto àquele que estiver na posse dos teus deuses, esse não viverá! (…)» . Labão não se conforma com a saída de Jacob e vai-lhe no encalço. Raquel tinha roubado os deuses familiares (terafim); representavam os espíritos protectores da família e pertenciam ao herdeiro principal, e a sua posse era garantia de herança. Tal foi a intenção de Raquel ao levá-los. Mas Raquel finge -se que está menstruada e não se levanta de onde está sentada, pois oculta sob ela os terafim; o facto de Raquel estar em contacto com eles em estado de impureza, mostra o desprezo do autor sagrado por esses ídolos. CONTRATO E RECONCILIAÇÃO ENTRE JACOB E LABÃO (31, 43 -32, 3) PREPARAÇÃO DO ENCONTRO COM ESAÚ (32, 4 -22). Jacob pretende “acalmar” o irmão Esaú, mandando presentes à sua frente para ele…

54 4. O CICLO DE JACOB LUTA DE JACOB COM DEUS (32, 23 -33). 54 4. O CICLO DE JACOB LUTA DE JACOB COM DEUS (32, 23 -33). «(…) 25 Jacob tendo ficado só, alguém lutou com ele até ao romper da aurora. (…) 28 Perguntou-lhe então: «Qual é o teu nome? » Ao que ele respondeu: «Jacob. » 29 E o outro continuou: «O teu nome não será mais Jacob, mas Israel; porque combateste Israel contra Deus e contra os homens e conseguiste resistir. » (…)» Segunda teofania em Jacob: a luta com Deus. Jacob Quem é? Um anjo ou Deus. Isto pressagia as lutas que marcam o destino de Jacob e os descendentes. Novo nome: o patriarca recebe um novo nome, Israel, cujo significado popular é «Ele foi forte contra Deus» dá-lhe uma nova missão e capacita-o para a mesma. Encontro com Deus: Pode representar ainda o debate do crente ou o encontro de homem com Deus. A luz deixa marcas de humildade e, ao mesmo tempo, desvenda a etapa da caminhada.

55 4. O CICLO DE JACOB ENCONTRO DE JACOB COM ESAÚ (33, 1 -20). 55 4. O CICLO DE JACOB ENCONTRO DE JACOB COM ESAÚ (33, 1 -20). « 1 Jacob, levantando os olhos, viu Esaú que avançava acompanhado por quatrocentos homens. Repartiu os filhos entre Lia e Raquel e entre as duas servas. 2 Colocou à frente as servas com os seus filhos, depois Lia com seus filhos, e Raquel, com José, em último lugar. 3 Passou adiante deles e prostrou-se por sete vezes, antes de se aproximar de seu irmão. 4 Esaú correu ao seu encontro, abraçou-o, atirou-se-lhe ao pescoço e beijou-o; e ambos choraram. (…)» As pazes: Jacob, que agora se chama Israel, e que recebeu uma pazes nova personalidade no encontro com o anjo, vai fazer as pazes com o seu irmão Esaú. Jacob toma muitas precauções: prostra-se sete vezes (tratando-o por senhor). Mas este acolhe Jacob com hospitalidade. Acordo: Segue-se uma diplomática negociação em que Jacob Acordo marca as suas distâncias em relação ao seu irmão.

56 4. O CICLO DE JACOB O RAPTO DE DINA (34, 1 -31). « 56 4. O CICLO DE JACOB O RAPTO DE DINA (34, 1 -31). « 1 Dina, a filha que Lia dera a Jacob, saiu para travar conhecimento com as raparigas do país. 2 Tendo-a visto Siquém, filho de Hamor, o heveu, governador do país, raptou-a e apoderou-se dela, violando-a. (…) 15 Só estaremos de acordo convosco, se procederdes como nós, circuncidando todos os varões que estão entre vós. (…) 24 Todos os que habitavam no recinto da cidade ouviram Hamor e Siquém, seu filho; e todo o varão foi circuncidado, entre os cidadãos da cidade. 25 No terceiro dia, sofrendo eles dores violentas, dois dos filhos de Jacob, Simeão e Levi, irmãos de Dina, tomaram cada um a sua espada, marcharam resolutamente sobre a cidade e mataram todos os varões (…)» . Finalidade do relato: relato a) As relações pouco amistosas entre o Sul (representado por Israel) e o Norte (os siquemitas); b) Mostrar a supremacia de Israel sobre esses povos; c) Sublinhar o perigo dos casamentos mistos. d) Sublinhar o tenso relacionamento entre os clãs de pastores e os habitantes das cidades; e) Há violência, vingança e duplicidade, que Jacob condena antes de morrer.

57 4. O CICLO DE JACOB EM BETEL E MORTE DE ISAAC (35, 1 57 4. O CICLO DE JACOB EM BETEL E MORTE DE ISAAC (35, 1 -29). «(…) 9 Deus apareceu novamente a Jacob, depois do seu regresso de Padan-Aram, e abençoou-o. (…) 28 Os dias de Isaac foram de cento e oitenta anos. 29 Expirando, morreu e reuniu-se aos seus pais, já velho e satisfeito com os seus dias (…)» Peregrinação: a deslocação de Jacob a Betel é uma peregrinação. Peregrinação Começa por uma purificação e pela destruição dos ídolos e desagua numa teofania, na manifestação de Deus, que lhe repete o núcleo essencial da promessa. O Deus de Betel: é o mesmo Deus dos pais e da esperança. Fica Betel destacado um dos lugares de culto israelita: o santuário de Betel. Morte de Raquel e de Isaac: temos a morte de Raquel e morte de Isaac, que encerra a história de Isaac foi sepultado no sepulcro de Sara e Abraão, onde também será sepultado Jacob. DESCENDENTES DE ESAÚ (36, 1 -43). Identifica-se os descendentes de Esaú com os edomitas, povos vizinhos, que apesar de ser povo irmão, nem sempre as relações foram amigas.

58 5 – O CICLO DE JOSÉ 58 5 – O CICLO DE JOSÉ

59 5. O CICLO DE JOSÉ A História de José. Papel da História de 59 5. O CICLO DE JOSÉ A História de José. Papel da História de José: a) Constitui um termo (amplo) à História dos Patriarcas; b) Espécie de interpolação que tenta justificar o notável atraso na realização da promessa divina ( «possuireis a terra» , com o desvio momentâneo para o Egipto. c) Traço de união ao Êxodo, com os hebreus no Egipto; Género literário: tom mais tranquilo na narração; insere-se no literário género novela; ou então narração didáctica sapiencial. Apesar de não desaparecer de vez, o patriarca Jacob deixa, o primeiro lugar, ao seu filho José. O Ciclo de José (ou História de José) situa-se em Gn 37, 150, 26.

60 5. O CICLO DE JOSÉ VISÃO GERAL DO CICLO DE JOSÉ VENDIDO PARA 60 5. O CICLO DE JOSÉ VISÃO GERAL DO CICLO DE JOSÉ VENDIDO PARA O EGIPTO (37, 1 -36) «(…) Israel preferia José aos seus outros filhos, porque era o filho da sua velhice, e mandara-lhe fazer uma túnica comprida. 4 Os irmãos, vendo que o pai o amava mais do que a todos eles, ganharam-lhe ódio e não podiam falar-lhe amigavelmente (…) e eles venderam-no aos ismaelitas por vinte moedas de prata. Estes levaram José para o Egipto (…)» Ódio dos irmãos: José é o preferido do pai; irmãos José conta o seu sonho que lhes aumenta o ódio. Diferentes tradições: como em Caim e Abel, a tradições inveja e o ódio levam a planear a sua morte; mas Rúben intervém em favor de José e é vendido aos madianitas; na outra é Judá que intervém e é vendido aos imaelitas.

61 5. O CICLO DE JOSÉ JUDÁ E TAMAR (38, 1 -30) «(…) 11 61 5. O CICLO DE JOSÉ JUDÁ E TAMAR (38, 1 -30) «(…) 11 E Judá disse a Tamar, sua nora: «Conserva-te viúva na casa de teu pai, até que meu filho Chelá cresça. » Judá, porém, temia que ele também morresse como os irmãos. (…) 14 Então ela tirou as vestes de viúva, cobriu-se com um véu e sentou-se à entrada de Enaim, no caminho de Timna, porque via que Chelá já havia crescido e ela não lhe fora dada por mulher. 15 Ao vê-la, Judá tomou-a por uma prostituta, porque tinha a cara coberta com um véu. (…) e Tamar concebeu um filho. (…)» História fora do sítio? interrompe a História de José; talvez o autor, que mostrou o papel de Judá em salvar a vida de José, quisesse mostrar a seguir, algum episódio relacionado com ele. Lei do levirato: quando o marido morria sem deixar filhos, o irmão era obrigado a unir-se à levirato viúva e a criança que nascesse era considerada filha do falecido. Er, seu esposo, falece; o seu irmão Onã é condenado por não respeitar essa lei; teria de esperar pelo irmão Chelá… Uma história escandalosa! Tamar, para poder ter filhos e como se sentiu enganada pelo sogro, Judá, que não lhe deu o outro filho seu (Chelá), disfarçou-se de prostituta com um véu e seduziu o sogro. Mais tarde, quer-se condenar Tamar à morte, mas esta apresenta provas que o sedutor foi Judá. E este considera que agiu mal em não lhe dar Chelá. a) b) c) O que pretende a história? : história? Salientar a grande importância e valor da descendência. Mostrar a ligação da Tribo de Judá com os povos cananeus, pois Tamar era cananeia. Mostrar que, mesmo através do mal e das fraquezas humanas, Deus consegue tirar o bem: Tamar é ascendente de David e de Jesus.

62 5. O CICLO DE JOSÉ TENTAÇÕES DE JOSÉ (39, 1 -23) «(…) 1 62 5. O CICLO DE JOSÉ TENTAÇÕES DE JOSÉ (39, 1 -23) «(…) 1 José foi levado para o Egipto e Potifar, um egípcio, eunuco do faraó e chefe dos guardas, comprou-o aos ismaelitas que para lá o tinham conduzido. (…) 7 E aconteceu que, depois de tudo isto, a mulher do seu senhor lançou os olhos sobre José e disse-lhe: «Dorme comigo. » (…) 10 Apesar de ela repetir o convite todos os dias a José, este não acedeu aos seus desejos e não se aproximou dela. (…) «Vede! Trouxeram-nos um hebreu para se rir de nós! Aproximou-se de mim para se deitar comigo e tive de gritar bem alto. 15 Quando me ouviu levantar a voz pedindo ajuda, deixou o manto junto de mim e fugiu para fora. » (…) E José ficou na prisão. 21 O SENHOR estava com José (…)» José cai em desgraça: de pessoa livre desgraça passa a escravo e de escravo honesto a prisioneiro, mas inocente. José, o sofredor: mas «Javé estava com sofredor José» , repete-se 4 vezes no texto; o sofredor pode ser instrumento nas mãos de Deus.

63 5. O CICLO DE JOSÉ INTERPRETA OS SONHOS DOS PRESOS (40, 1 -23) 63 5. O CICLO DE JOSÉ INTERPRETA OS SONHOS DOS PRESOS (40, 1 -23) «(…) 12 José respondeu: «Eis a explicação: os três ramos são três dias. 13 Três dias ainda, e o faraó libertar-te-á, restabelecendo-te no teu posto; e porás a taça do faraó na sua mão, na tua anterior qualidade de copeiro. 14 Se te lembrares de mim, quando fores ditoso, presta-me, por favor, um bom serviço: fala de mim ao faraó e faz-me sair desta prisão. (…) 21 Encarregou o copeiro-mor de lhe dar de novo de beber, e ele apresentou a taça ao faraó. 22 Quanto ao padeiro-mor, mandou-o enforcar, como José vaticinara. 23 Mas o copeiro-mor não se lembrou mais de José e esqueceu-se dele. Os sonhos são alegorias que anunciam o futuro. Na interpretação de José, sortes opostas esperam os dois oficiais, companheiros de prisão. Pede ao copeiro-mor que não se esqueça dele na prisão. Mas o copeiro-mor esqueceu-se dele, porque só Deus, a seu devido tempo, se lembrará dele. Ao atribuir-lhe a capacidade de ler os sonhos, o autor sugere que José sabe discernir a acção de Deus presente na história

64 5. O CICLO DE JOSÉ INTERPRETA OS SONHOS DO FARAÓ (41, 1 -57) 64 5. O CICLO DE JOSÉ INTERPRETA OS SONHOS DO FARAÓ (41, 1 -57) «(…) 25 José disse ao faraó: «O sonho do faraó é só um. Deus anunciou ao faraó o que vai fazer. 26 As sete vacas belas são sete anos; as sete espigas grandes são sete anos; é um mesmo sonho. 27 E as sete vacas magras e feias, que subiam em segundo lugar, são sete anos; e as sete espigas raquíticas e ressequidas pelo vento do oriente são sete anos. Serão sete anos de fome. 28 É o que eu disse ao faraó: Deus revelou ao faraó o que vai fazer. 29 Sim, vão chegar sete anos de grande abundância a todo o território do Egipto. 30 Mas sete anos de fome surgirão a seguir, de modo que toda a abundância desaparecerá do Egipto e a fome devastará o país. (…) 39 E o faraó disse a José: (…) «Eis que te ponho à frente de todo o país do Egipto. » José interpreta os sonhos do faraó: 7 vacas gordas e 7 faraó magras; 7 espigas cheias e 7 ressequidas. Tem simbolismo agrícola, o Egipto vive da riqueza agrícola do Nilo; a deusa Hátor era representada sob a forma de vaca, a sair das profundezas do Nilo para espalhar a fertilidade. O poder de Deus: a interpretação dos sonhos é devido por José ao poder de Deus. Os Deus mesmos sonhos que levaram José à desgraça, marcam agora o início da sua ascensão. O «espírito de Deus» que confere aos reis a força para salvar o povo actua em José, que é elevado a vice-rei do Egipto. De notar que houve períodos em que «asiáticos» ocuparam altos cargos no Egipto.

65 5. O CICLO DE JOSÉ PRIMEIRO ENCONTRO DE JOSÉ COM OS SEUS IRMÃOS 65 5. O CICLO DE JOSÉ PRIMEIRO ENCONTRO DE JOSÉ COM OS SEUS IRMÃOS (42, 1 -38) «(…) 6 Ora José era governador do país; era ele que mandava distribuir o trigo a todo o povo do país. Quando os irmãos de José chegaram, prostraram-se diante dele com o rosto por terra. 7 Vendo os irmãos, José reconheceu-os; dissimulou, porém, diante deles e falou-lhes com dureza, dizendo: «Donde vindes? » (…) 14 José disse-lhes: «É aquilo que eu disse: sois espiões! 15 Por isso vos porei à prova: Pela vida do faraó, não saireis daqui enquanto o vosso irmão mais novo não tiver vindo. (…)» Descida ao Egipto: há documentos que atestam a «descida» ao Egipto de grupos semitas, impelidos pela fome; a administração local acolhia-os; a família de Jacob obrigou-se a fazer o mesmo. Os sonhos de José concretizam-se: os irmãos prostram-se diante dele. concretizam-se Mas o vice-rei trata-os com severidade e obriga-os a uma série de provas, a ver se são capazes de agir fraternalmente. Ligação ao Egipto: começa uma série de viagens entre Canaã e o Egipto Pretendem ligar José à sua família e explicar o modo como o povo de Israel entrou e se estabeleceu no Egipto.

66 5. O CICLO DE JOSÉ SEGUNDA VIAGEM AO EGIPTO (43, 1 -34) Nesta 66 5. O CICLO DE JOSÉ SEGUNDA VIAGEM AO EGIPTO (43, 1 -34) Nesta 2ª viagem terão de levar Benjamim, para satisfazer a “curiosidade” do vice-rei do Egipto e, assim, resgatar Simeão, que ficou como refém. Perante a recusa do pai em deixar Benjamim, Judá oferece-se, em juramento, como fiador. Os irmãos são bem acolhidos. «(…) 8 E Judá disse a Israel, seu pai: «Deixa ir o menino comigo, a fim de que possamos partir; (…) 9 Sou eu que respondo por ele; é a mim que o reclamarás; (…) 27 José informouse da sua saúde e depois disse: «Como está o vosso velho pai, esse ancião do qual me falastes? Ainda é vivo? » 28 Eles responderam: «O teu servo, nosso pai, está de saúde e vive ainda. » Então inclinaram-se, prostrando-se. 29 Levantando os olhos, José viu Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e disse: «É este o vosso irmão mais novo, do qual me falastes? » E continuou: «Que Deus te seja favorável, meu filho!» 30 E José apressou-se a sair, porque ficou enternecido, à vista do seu irmão, e tinha necessidade de chorar; entrou no seu aposento e chorou. 31 Depois, lavou o rosto e voltou a sair. Então, procurando dominar-se, disse: «Servi a refeição. » (…)» .

67 5. O CICLO DE JOSÉ JUDÁ ROGA POR BENJAMIM (44, 1 -34) « 67 5. O CICLO DE JOSÉ JUDÁ ROGA POR BENJAMIM (44, 1 -34) « 1 José deu a seguinte ordem ao intendente da sua casa: «Enche de víveres os sacos destes homens, tanto quanto eles puderem conter e põe o dinheiro de cada um na boca do saco. 2 Põe também a minha taça de prata na boca do saco do mais novo, juntamente com o preço do trigo. » (…) A taça foi encontrada no saco de Benjamim. (…) 18 Então, Judá aproximou-se de José e disse-lhe: (…) 33 Então, por favor, que o teu servo fique como escravo do meu senhor, em lugar do menino; que fique escravo do meu senhor e que o menino volte com os irmãos. 34 Como poderei voltar para junto de meu pai, sem levar comigo o seu filho? Nem quero ver a dor que sobreviria a meu pai!» A dor purifica os homens: interrompida a viagem devido a mais um homens estratagema de José, acusa-os de roubar uma taça valiosa. Judá confessa o pecado colectivo, que foi o da morte de José; Judá que, interviera antes numa solução de compromisso, está agora decidido a ficar como refém para que Benjamim, preferido das família, possa voltar a casa, evitando assim o sofrimento do pai. A solidariedade dos outros irmãos, ao lado de benjamim e Judá, é uma prova da unidade da família.

68 5. O CICLO DE JOSÉ DÁ-SE A CONHECER (45, 1 -28) «(…) Por 68 5. O CICLO DE JOSÉ DÁ-SE A CONHECER (45, 1 -28) «(…) Por isso não ficou ninguém presente, quando José se deu a conhecer aos irmãos. 2 Mas ele chorava tão alto que os egípcios ouviram-no, e a notícia chegou também ao palácio do faraó. 3 José disse então aos irmãos: «Eu sou José; meu pai ainda é vivo? » Mas eles não puderam responder-lhe, porque ficaram perturbados diante dele. (…) 5 Mas não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós próprios, por me terdes vendido para este país; porque foi para podermos conservar a vida que Deus me mandou para aqui à vossa frente (…)» . O auge da narração: quando José se dá a conhecer a comoção narração atinge o auge; o drama de Jacob é resolvido: José é encontrado e Benjamim volta à casa paterna. O ponto de vista da fé sobre os acontecimentos: Deus age acontecimentos através dos humanos e das situações, para levar por diante o Seu projecto. Mesmo sem sabermos, Deus está connosco. Não foram os irmãos que condenaram José, mas «o Senhor enviou-me» .

69 5. O CICLO DE JOSÉ VIAGEM DE JACOB AO EGIPTO (46, 1 -34) 69 5. O CICLO DE JOSÉ VIAGEM DE JACOB AO EGIPTO (46, 1 -34) «(…) 29 Quando chegaram ali, José mandou atrelar o seu carro e foi a Góchen, ao encontro de seu pai. Ao vê-lo, lançou-se-lhe ao pescoço e chorou longamente, entre os seus braços. 30 E Israel disse a José: «Agora posso morrer, pois vi o teu rosto e ainda vives! (…)» Preparação do êxodo: começa a preparar-se o ambiente… êxodo Encontro de Jacob com José, no Egipto. Jacob tem uma Egipto visão: recebe do Senhor a segurança de que a sua descida ao Egipto está dentro dos planos de salvação de Deus; «Eu mesmo far-te-ei voltar de lá…» . É uma profecia da volta de Jacob, já morto, mas também o regresso do povo de Egipto, na libertação do Êxodo. OS HEBREUS NO EGIPTO (47, 1 -31) «(…) 5 O faraó disse a José: «Teu pai e teus irmãos vieram para junto de ti. 6 O país do Egipto está à tua disposição; instala teu pai e teus irmãos na sua melhor província. Que habitem na terra de Góchen e, se vires que entre eles há pessoas de valor, nomeia-os inspectores dos meus domínios (…)» O faraó concede a Jacob e à família direitos de propriedade no Egipto.

70 5. O CICLO DE JOSÉ JACOB ADOPTA OS FILHOS DE JOSÉ (48, 1 70 5. O CICLO DE JOSÉ JACOB ADOPTA OS FILHOS DE JOSÉ (48, 1 -22) «(…) 13 Depois, José tomou-os a ambos: Efraim à sua direita, isto é, à esquerda de Israel; e Manassés à sua esquerda, isto é, à direita de Israel; e aproximou-os dele. 14 Israel estendeu a mão direita, pondo-a sobre a cabeça de Efraim, que era o mais novo, e pôs a mão esquerda sobre a cabeça de Manassés, apesar de Manassés ser o mais velho (…)» . Duas cenas compõem este capítulo: Jacob adopta os filhos de José como seus; Jacob troca as mãos e abençoa com a mão direita o mais novo, Efraim, dando-lhe o direito de primogenitura sobre Manassés. Tenta explicar o facto de Manassés e Efraim, filhos de José, serem considerados antepassados de duas tribos de Israel (a «Casa de José» ). Anota razões para a prosperidade de ambas e para o predomínio de Efraim. Lembra a bênção de Isaac sobre Jacob, em vez de Esaú.

71 5. O CICLO DE JOSÉ BÊNÇÃOS E MORTE DE JACOB (49, 1 -33) 71 5. O CICLO DE JOSÉ BÊNÇÃOS E MORTE DE JACOB (49, 1 -33) « 1 Jacob mandou vir os seus filhos e disse: «Reuni-vos, pois quero revelar-vos o que vos acontecerá no futuro. 2 (…) A ti, Judá, teus irmãos te louvarão (…) 28 São estes os que formam as doze tribos de Israel; e foi assim que seu pai lhes falou e os abençoou, dando a cada um a sua própria bênção. (…) 29 Jacob deu-lhes as suas ordens, dizendo: «Vou juntar-me ao meu povo. Sepultai-me junto dos meus pais (…) expirou e reuniu-se a seus pais. Estas bênçãos de Jacob são previsões sobre o futuro das tribos de Israel. Os oráculos fazem alusão a acontecimentos dos tempos patriarcais, mas reflectem uma época posterior, com o povo já organizado em tribos e implantado em Canaã: as dificuldades que teve de enfrentar, a proeminência de Judá donde saiu a realeza, a honra da casa de José (Efraim e Manassés). A tribo de Levi (dos sacerdotes) encontra-se disseminada por todas as outras; José encontra-se dividido: Efraim e Manassés (a «Casa de José» ).

72 5. O CICLO DE JOSÉ SEPULTURA DE JACOB E OS ÚLTIMOS FACTOS DE 72 5. O CICLO DE JOSÉ SEPULTURA DE JACOB E OS ÚLTIMOS FACTOS DE JOSÉ (50, 1 -26) «(…) 5 ‘Meu pai fez-me jurar nestes termos: Agora vou morrer: sepulta-me no sepulcro que adquiri no país de Canaã, no meu sepulcro‘. (…) «Teu pai ordenounos antes da sua morte: 17 ‘Falai assim a José: Perdoa, por favor, a ofensa dos teus irmãos, a sua falta e o mal que te fizeram! (…) 19 José respondeu-lhes: «Não temais; estou eu no lugar de Deus? 20 Premeditastes contra mim o mal. Mas Deus aproveitou-o para o bem, a fim de que acontecesse o que hoje aconteceu, e um povo numeroso foi salvo. (…) 25 E José fez jurar aos filhos de Israel, dizendo: «Deus há-de visitar-vos e então levareis os meus ossos deste país. » 26 José morreu com a idade de cento e dez anos. Embalsamaram-no e puseram-no num sarcófago, no Egipto» . Morte de Jacob e José: solene encerramento do ciclo patriarcal. José Menos dramatismo: a narrativa retoma o ambiente familiar da história de José dramatismo após a morte de Jacob, com menos dramatismo. Deus age dentro dos acontecimentos; a seu tempo, os momentos de mistério irão acontecimentos desabrochar em claridade. 20 Premeditastes contra mim o mal. Mas Deus aproveitou-o para o bem, a fim de que acontecesse o que hoje aconteceu, e um povo numeroso foi salvo. Tudo contribui para formar um povo numeroso. José pede para levar os ossos para a Terra Prometida, a seu tempo. Está preparado o ambiente para o Livro do êxodo.

73 5. O CICLO DE JOSÉ Temática que ressalta da História de José: Sapiencial: 73 5. O CICLO DE JOSÉ Temática que ressalta da História de José: Sapiencial: fim pedagógico: a eleição e a direcção divina. Sapiencial A figura de José: é um homem com defeitos (pensa ser o melhor dos José irmãos, refere que a conduta dos irmãos é má; não sabe calar, conta um sonho que aumenta o ódio deles…); é provado (vendido como escravo, tentado por uma mulher, lançado na prisão, inocente); confia sempre em Deus (até no meio do sofrimento). O problema do sofrimento: sofrimento a) Purificação dos homens que, através da dor, se tornam instrumentos do plano divino da salvação (como José e os irmãos). b) Inabalável confiança e Deus, apesar d as amarguras e sofrimentos. c) Actuação dos planos da divina providência (Deus está bem disposto para com os homens e sabe tirar o bem do mal: «Pois o Senhor estava com José, e a tudo o que ele fazia o Senhor dava Êxito» ). Confiança nas crises: durante as crises de Israel, como no Cativeiro da crises Babilónia, a história de José aumentou a confiança em Deus: assim como José o foi, também um dia seriam libertados por Ele.

74 6 – EM JEITO DE CONCLUSÃO… 74 6 – EM JEITO DE CONCLUSÃO…

75 6. EM JEITO DE CONCLUSÃO… Em resumo, qual o conteúdo teológico e espiritual 75 6. EM JEITO DE CONCLUSÃO… Em resumo, qual o conteúdo teológico e espiritual de Gn 12 -50? História contemplada à luz da fé: a História dos Patriarcas, além fé de contar factos de importância decisiva para o povo de Israel, e por detrás das “histórias” que lá se contam, tem uma linha teológica que a conduz, baseado no tema «só Deus» . Deus escolhe homens para realizar o Seu plano de Salvação: Salvação cada um com a sua personalidade, começando por Abraão (o homem da fé), Isaac, por Jacob (o homem de astúcia, a qual sem Deus nada lhe serviria), José (o homem honesto, sábio, caridoso). . . para fazer com o Homem uma Aliança eterna. Deus tem a iniciativa, e conduz a História, é Senhor da mesma; História Deus não Se circunscreve a esquemas humanos; sempre que o homem segue o seu próprio juízo, deixando à margem Deus, sai-se mal nos seus intentos… Mas Deus leva as coisas para o Seus desígnios. O Homem propõe e Deus dispõe!

76 6. EM JEITO DE CONCLUSÃO… Os temas essenciais da religião de Israel”: estão 76 6. EM JEITO DE CONCLUSÃO… Os temas essenciais da religião de Israel”: estão presentes, Israel” como: o culto a um único Deus; a revelação; a eleição; a promessa; o dom da terra. Deus pede obediência da fé e a disponibilidade totais: as provas totais são ocasiões para demonstrar a nossa preferência por Deus. O Povo de Deus é um povo a caminho: o Povo que Deus escolhe caminho forma-se no próprio caminho da História, está a caminho para a pátria eterna, não sem dificuldades; revela-nos, através da teia da vida, como Deus Se foi manifestando aos homens e que tipo de resposta estes lhe deram (por isso, nem tudo o que em Gn 12 -50 se narra é edificante); mas com fé e confiança, pois Deus caminha junto de nós. Deus é sempre fiel às promessas: os nossos antepassados promessas foram homens fracos, mas cheios de fé, com os quais constituiu o Seu Povo. Embora o Homem nem sempre seja fiel, Deus é sempre fiel à Sua Aliança com os homens.

77 7. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 77 7. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA