eeb461da7b08b32f4acc246e725869ca.ppt
- Количество слайдов: 51
Índice 1) Introdução 2) Aspectos Anatômicos 3) Biologia 4) Características Desejáveis 5) Principais Espécies 6) Sistema de Criação 7) Alevinagem 8) Povoamento dos Viveiros 9) Alimentação 10)Engorda 11)Espécies Invasoras 12)Comercialização 13)Fale Conosco
1) INTRODUÇÃO O cultivo de peixes é uma atividade muito antiga. Há referências históricas que comprovam a criação de tilápias por nobres egípcios desde a data de 2. 500 anos a. C. Muitos desenhos egípcios mostram cenas de pesca e conservação de pescado. Os chineses também, por séculos seguidos, desenvolveram a criação de peixes. Por um longo percurso da história da humanidade a piscicultura (*) basicamente se limitou a pesca extrativa e raríssimos sistemas de criação. Somente em meados do século XIX, o Japão começou a desenvolver um trabalho pioneiro no ramo, certamente tendo em vista problemas de escassez de espaço físico e necessidade de altas produtividades por unidade de área. Mas foi a partir do final da 2ª Guerra Mundial que a piscicultura realmente começou a sofrer alterações que vieram a contribuir para modificar a situação do cultivo de peixes em todo o mundo: Facilidades oferecidas pelos transportes modernos; Reprodução artificial dos peixes em propriedades rurais; Desenvolvimento do uso de alimentos artificiais. Estes fatores fizeram com que o consumo de peixes perdesse parte do caráter extrativista para dar lugar a uma nova fase: cultivo com finalidade comercial. É aí que se iniciou a piscicultura como ciência.
Embora tenha passado por um longo período de latência, esta atividade tem evoluído com notável dimensão desde a década de XX. No Brasil, a piscicultura se iniciou com Rodolfo Von Ihering, através da introdução de carpas e a hipofisação de peixes de piracema do rio Mogi-Guaçu. Até cerca de uma década atrás, a pesca nacional girava em torno de 1 milhão de toneladas de pescado, sendo que 10% desta produção era originária de água doce. O consumo de pescado per capita não chegava a 2 kg/ano, contra um total de 29 kg/ano da carne bovina. Desse total, somente cerca de 0, 2 kg de pescado era proveniente de água doce, sendo o restante proveniente da pesca marítima. Atualmente a situação começou a se reverter, principalmente se considerarmos os arredores das grandes capitais. Nestes centros comerciais, geralmente carentes de lazer, estão localizados vários pesque-pagues, que estão progressivamente aumentando o consumo de pescados de água doce, graças à qualidade e forma de apresentação do produto que ofertam ao público. (*) Piscicultura – Pode ser definida como uma atividade zootécnica que visa o cultivo racional de peixes voltados para o consumo humano ou ornamentação, exercendo particular controle sobre o crescimento, a reprodução e a alimentação destes animais.
Conforme pode-se observar, o brasileiro está adquirindo progressivamente o hábito regular de se alimentar com a carne de pescado. Estima-se atualmente, que a demanda de peixes vivos para a pesca esportiva esteja por volta de 400 toneladas por mês para o Estado de São Paulo, para consumo em pesque-pagues. Um outro fator que contribui muito para o rápido avanço da piscicultura vem a ser a problemática atual das bacias hidrográficas brasileiras. Cada vez mais atingidas pela poluição de garimpos e desmatamento ciliar, além de serem exploradas incansavelmente pela pesca extrativa profissional, estão por atingir seu limite natural. O Brasil é um país de excelentes condições climáticas para a prática da piscicultura. Acredita-se, portanto, na tendência de que ocorra um grande aumento na produtividade de pescados, visto que temos um mercado crescente em ritmo acelerado, função da escassez da pesca extrativa, da criação dos pesqueiros e de mudanças que os mesmos introduziram na mesa do brasileiro. Por ser uma carne recomendada pelos nutricionistas, o pescado está cada vez mais presente nas refeições do mundo inteiro. Existe portanto, pelo menos a nível nacional, uma fatia de mercado não preenchida, já que os peixes de criatórios ainda não suprem a demanda crescente dos pesqueiros e o consumo in natura.
2) ASPECTOS ANATÔMICOS DOS PEIXES O corpo do peixe é constituído de cabeça, tronco e nadadeiras, órgãos estes contínuos, que permitem ao peixe deslizar-se facilmente na água. Apresentam uma epiderme bem estruturada, coberta por glândulas que produzem mucina (muco). A epiderme tem a função de amenizar os diferentes efeitos do ambiente, e a mucilagem auxilia o peixe na locomoção e protege contra a invasão de microorganismos. Por isso é que não devemos manipular brutalmente os peixes, para interferir o menos possível em sua camada protetora de muco. Se observarmos o corpo do peixe no sentido longitudinal, veremos na parte mediana o que chamamos de linha lateral. Ela é que possibilita o sentido de tato à distância, permitindo ao peixe captar as vibrações da água. Trata-se de uma exposição de ramificações do 10º par de nervos cranianos ao meio, através de furos nas escamas.
O peixe é um vertebrado, e portanto seu corpo é sustentado por um esqueleto. Sua função é conservar a forma do peixe, sustentar os músculos e proteger os órgãos vitais internos. É formado pelos ossos do crânio, coluna vertebral, ossos que sustentam as guelras e raios ósseos. No tronco encontrão os órgãos internos dos peixes: estômago, intestino, fígado, bexiga natatória, rins, ovários ou testículos. A cauda é a parte posterior do corpo, proporcionando a locomoção, que se dá por movimentos ondulatórios laterais. A nadadeira caudal se constitui no principal apêndice locomotor e tem a função de leme. As demais nadadeiras ímpares (anal e dorsal) têm função no equilíbrio do corpo e as pares (peitorais e ventrais) auxiliam no posicionamento dentro da coluna d’água. Os peixes apresentam forma hidrodinâmica, com adaptações particulares ao hábito de vida. Geralmente, espécies predadoras têm forma cilíndrica para vencerem mais rápido o atrito com a água e consequentemente serem mais velozes. São pecilotérmicos, ou seja, ajustam a sua temperatura corpórea de acordo com a temperatura do meio ambiente, que no caso é a água.
3) BIOLOGIA DOS PEIXES RESPIRAÇÃO Os peixes de água doce são mais exigentes nos teores de oxigênio dissolvido que os do mar. Respiram, de maneira geral através de brânquias, que são conjuntos de lamelas sucessivas expostas ao meio ambiente, por onde circula o sangue vindo do coração na forma venosa, ali se tornando arterial através de trocas gasosas com a água. As brânquias retiram o O 2 da água. Para isso, o peixe engole a água, que passa pela boca, pelas brânquias e sai pelas fendas dos opérculos. Para que os peixes respirem, é necessário haver O 2 em quantidade suficiente na água. Em algumas espécies, pode haver respiração através da bexiga natatótir ou da epiderme. Peixes capazes de respirar o ar atmosférico são exceções exclusivas da água doce.
RELAÇÕES ENTRE AS COMUNIDADES AQUÁTICAS Todos viveiros destinados à criação de peixes constituem um ecossistema aquacultural, graças às diferentes comunidades de seres que nele habitam e o tipo de relacionamento que desenvolvem entre si. Tais comunidades se agrupam de acordo com sua localização no corpo d’água, além de semelhanças vitais. São elas: Plâncton- são os organismos aquáticos que não possuem movimentos natatórios capazes de vencer correntezas. Subdividem-se em fito plâncton (que é a fração vegetal do plâncton, composta de algas microscópicas, que são responsáveis pela produção primária do meio. ) e zooplâncton (é a fração animal do plâncton, composta por várias classes de pequenos seres aquáticos, como rotíferos, cladóceros e copépodos. ) Benthos - São organismos que vivem no substrato do fundo do corpo d’água. Ex: minhocas, vermes, larvas de insetos, moluscos. Perifiton - Consiste de algas que se desenvolvem sobre e ao redor de superfícies iluminadas, como pedras, madeiras, etc. Macrófitas Aquáticas - São vegetais de tamanho maior que se desenvolvem sobre a superficie, sobre o fundo ou sobre as margens da água. Ex. : aguapés, plantas de aquário; taboa.
Neuston - São animais que conseguem se sustentar sobre a tensão superficial da água. Ex. : aranha d’água. Necton - São os verdadeiros objetivos da piscicultura. Constituem-se de animais de porte mais avantajado, como os peixes e grandes crustáceos. Locomovem-se por si próprios para todas as partes do meio. São considerados os verdadeiros propósitos da piscicultura. Bactérias redutoras - São responsáveis por toda biodigestão do material orgânico morto do meio aquático. De acordo com o hábito alimentar, as comunidades podem se relacionar da seguinte maneira: PRODUTORES - Constituídos essencialmente de vegetais. São os primeiros seres a surgir no meio aquático. Podem ser denominados de “produtores primários”, pois a sua produtividade é função da radiação solar e dos nutrientes minerais dissolvidos na água. Através da fotossíntese, sintetizam os nutrientes minerais em açúcares, que farão parte de sua constituição fisica. São importante fonte de alimentação para os animais do meio. Ex. : fitoplâncton; macrófitas; perifiton; fitobenthos. CONSUMIDORES PRIMÁRIOS - São os seres do meio aquático que se alimentam dos produtores. Podem ser subdivididos em três classes:
1 -Consumidores de fitoplâncton - peixes fitoplanctófagos. Ex. : Carpa prateada, tilápia-do-nilo; 2 -Consumidores de macrófitas - peixes herbívoros, Ex. : Tilápia do congo; carpa capim; 3 -Consumidores de perifiton - são os peixes perifitófagos, Ex. : Cascudo. CONSUMIDORES SECUNDÁRIOS - São os seres que se alimentam de consumidores primários. Estão, também, subdivididos em classes, conforme segue: 1 -Consumidores de zooplâncton - peixes zooplanctófagos, Ex : carpa cabeça grande; 2 -Consumidores de zoobenthos - sãos peixes bentófagos, Ex. : carpa comum; 3 -Consumidores de peixes - são os peixes carnívoros, Ex. : traíra, black bass; DETRITÍVOROS – São os peixes que se alimentam de detritos e restos de matéria orgânica do fundo dos tanques, Ex. : curimbatá REDUTORES - São as bactérias redutoras do meio aquático. Todos os seres do meio ao morrerem, vêm ao fundo onde sofrem uma biodigestão anaeróbica, efetuada por tais bactérias. A matéria orgânica resultante é incorporada ao sedimento do fundo, e os elementos minerais são solubilizados na solução da água e reaproveitados pelos produtores.
A cadeia alimentar apresenta uma relação numérica entre os vários elos que pode ser traduzida em energia ou em biomassa. Seja por exemplo um corpo d’água hipotético capaz de produzir 10. 000 kg de fitoplâncton, a partir do qual poderemos obter: 10. 000 kg de fitoplâncton 1. 000 kg de zooplâncton 100 kg de peixes planctófagos 10 kg de peixes carnívoros Fitoplâncton
REPRODUÇÃO De acordo com as diferenciações relativas ao habitat e tipo de desova, podemos classificar os peixes em duas formas distintas: Peixes de águas lênticas – São peixes que habitam e se reproduzem em locais de água parada, ou seja, sem correnteza. Exemplo: acarás, traíras, tilápias, carpas e outros. Para que estes peixes reproduzam-se, basta que ocorra temperatura favorável e que os mesmos encontrem em seu habitat nichos que permitam o cortejo reprodutivo e a desova. Chegam a desovar 4 vezes ao ano, sendo que algumas espécies, como as tilápias, são consideradas muito prolíferas. Peixes de águas lóticas – Espécies que habitam e se reproduzem em locais de água corrente. Exemplo: Pintado, dourado, pacu, tambaqui, piauçu, matrinchã e outros. Necessitam da correnteza das águas para realizar a desova. Graças à qualidade de sua carne, rápido crescimento e rusticidade, são os peixes mais recomendados à piscicultura. A princípio, não havia uma tecnologia que permitisse a reprodução de tais espécies em ambientes lênticos. A única maneira de se ter tais espécies em cativeiro era a sua captura na natureza.
Então, para que fosse viabilizado o seu cultivo comercial, desenvolveu-se uma técnica chamada de “indução hormonal ”. Para entendermos como funciona o processo de indução hormonal em peixes, é necessário conhecermos antes a reprodução dos mesmos em seu habitat natural. Os peixes de águas lóticas reproduzem-se em ambiente natural nos meses de novembro à janeiro, época coincidente com a estação chuvosa. Com o início das chuvas, ocorrem também uma série de alterações nas águas dos rios que, invariavelmente irão resultar na maturação dos órgãos reprodutivos dos peixes. Quando ocorrem as precipitações, as águas da chuva caem sobre as florestas e matas ciliares levando das folhas e dos terrenos por onde escorrem, uma série de pequenas partículas para os rios. Estas partículas serão responsáveis por provocar uma mudança nas características físico-químicas da água, que aliada à alteração da pressão hidrostática causada pela elevação do nível da coluna d’água do rio, dará início ao movimento de piracema dos peixes. A piracema é o movimento de subida dos peixes em busca da “cabeceira “ dos rios, local mais limpo e oxigenado para a desova. É no começo e decorrer da piracema que ocorre no peixe a formação de ácido lático, o metabolismo das gorduras e uma série de outros pequenos fatores que fazem com que haja a liberação de hormônios que provocarão o amadurecimento dos órgãos reprodutivos.
Conforme avançam na piracema, os peixes vão gradualmente se maturando, até ocorrer a desova e posterior fecundação nascentes dos rios. Muitas vezes chegam a nadar mais de mil quilômetros para conseguirem sua maturação. Portanto, nas situações em que os peixes se encontram em cativeiro, num ambiente lêntico, não ocorre nenhuma das citadas alterações. Eles chegam a desenvolver as gônadas reprodutivas, ficam “maduros” sexualmente mas não há o estímulo final da natureza, capaz de provocar a ovulação e posterior desova. É por isso que a indução hormonal torna-se necessária, agindo no sistema nervoso dos peixes, substituindo o efeito da subida dos mesmos pelos rios. A indução é feita mediante a aplicação intramuscular de glândulas pituitárias de outros peixes, diluídas em razões que dependem da espécie, sexo e peso dos peixes.
4) CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS Apesar de existirem milhares de variedades de peixes, são poucas as indicadas para a piscicultura, em função de ainda termos um limitado conhecimento sobre a biologia desses peixes, suas formas de vida, alimentação e reprodução. As espécies adequadas ao cultivo devem apresentar as seguintes características: Adaptação ao clima; Crescimento rápido; Reprodução em cativeiro (tanto natural quanto induzida) Deve aceitar alimentação artificial; Apresentar resistência ao superpovoamento; Ter rusticidade; Boa aceitação pelo mercado consumidor.
5) PRINCIPAIS ESPÉCIES EXPLORADAS 1 - Tilápia-do-Nilo ( Oreochromis niloticus ) Depois da carpa húngara ou simplesmente carpa comum, são as tilápias os peixes tropicais mais cultivados no mundo. Existem cerca de 70 espécies de tilápias, com origem nos rios e lagos africanos. A tilápia do nilo é apenas uma delas. É um peixe extremamente rústico. Alimentase basicamente de plâncton, mas possui também hábito onívoro em criatórios. É resistente à baixas temperaturas e baixos teores de O 2 dissolvido na água. Existe a necessidade de se trabalhar com as tilápias revertidas sexualmente, fator que proporciona o crescimento uniforme das populações, visto que as fêmeas utilizam grande parte da energia do que consomem na reprodução. A fêmea incuba seus ovos na boca, em número de 500 a 600. O macho geralmente cresce o dobro da fêmea, por não perder energia na fase reprodutiva. Cresce cerca de 0, 8 a 1, 0 kg por ano e pode chegar a ter 4 a 6 kg de peso. Seu peso comercial está em torno de 500 a 700 g, sendo que sua carne é muito apreciada na forma de filé.
2 - Saint Peters ( Oreochromis spp. ) É um híbrido de várias espécies de tilápia desenvolvido em Israel. Tem como principal diferenciação para com outras tilápias a sua coloração, que é avermelhada de algumas variações nas tonalidades. Morfologicamente é parecida com a tilápia do nilo. Seu sabor é muito apreciado, sendo comercializada com destaque em alguns hipermercados, na forma de filés. Aparece também em bons restaurantes. Nos criatórios, alimenta-se de plâncton e ração, tendo praticamente os mesmos ganhos de peso da tilápia nilótica. São comercializadas a partir de 0, 5 Kg de peso. Por ser uma tilápia, é necessário povoar os viveiros com animais revertidos sexualmente, para que não haja cruzamentos, que iriam certamente aumentar a densidade e causar perda de peso no final da engorda. Nadam geralmente em cardumes. Em alguns períodos do dia podem ser vistos na superfície dos viveiros. São uma boa forma de atrair a atenção de curiosos para os pesqueiros.
3 - Tilápia Tailandesa ( Oreochromis spp. ) É um híbrido, também originário do cruzamento entre algumas espécies de tilápia, assim como as híbridas vermelhas. Originou-se na Tailândia, atavés do trabalho de melhoramento genético entre populações de peixes locais. Apresenta um crescimento muito rápido, com excelentes taxas de conversão alimentar. Pode chegar a crescer de 5 a 500 gramas em 4 a 5 meses de engorda. 4 - Tilápia do congo ( Tilapia rendalli ) Foi a primeira espécie de tilápia introduzida no Brasil. Não apresenta ganho de peso satisfatório, tendo ainda um agravante que é a sua alta prolificidade. Quando povoada em algos sem predadores, rapidamente causa um desequilíbrio populacional. Ainda está presente em algumas localidades, mas sua tendência é desaparecer visto que não há finalidade comercial para ela.
5 - Pacu ( Piaractus mesopotamicus ) É um peixe originário da Bacia do Prata (rios Paraná, Paraguai e afluentes). É rústico, precoce e de carne excelente. Ganha em média 1, 0 kg/ano. Temos notícia de exemplares capturados com até 18 Kg de peso, embora nos criatórios dificilmente irá ultrapassar 12 Kg. Tem hábito alimentar onívoro, comendo frutas, resíduos vegetais e folhas, sementes, pequenos crustáceos e outros peixes. Atinge a maturidade sexual com 4 anos, sendo reproduzido por indução. Uma fêmea pode desovar mais de 800. 000 óvulos. Pode ser cruzado com o tambaqui, gerando híbridos com bom potencial de crescimento para regiões não muito frias. Vive melhor em temperaturas elevadas, sendo recomendável acima de 25 ºC. É um peixe que não pode ser manuseado no frio, pois não suporta as mudanças bruscas de temperatura ( 3 - 4 ºC ). Não se recomenda seu manuseio com temperaturas da água abaixo de 20 ºC. Atualmente é um dos peixes mais procurados nos pesque-pagues, o que torna ainda mais viável a sua criação. É uma boa espécie para monocultivo ou para ser a principal nos policultivos.
6 - Tambaqui ( Colossoma macropomum ) Morfologicamente, é um peixe muito parecido com o pacu, mas tem a sua origem na Bacia Amazônica. Tem os mesmos hábitos alimentares do pacu em críatórios. Não se recomenda a criação de tambaqui em localidades com a influência de baixas temperaturas, pois ele não suporta o frio (restrições para todo o Estado de S. Paulo). Pode morrer em temperaturas abaixo de 15 ºC. É uma espécie excelente para monocultivo ou policultivo, onde entra como espécie principal. Existem exemplares que já atingiram a faixa de 20 Kg de peso. Sua carne tem muito bom sabor e grande aceitação no mercado consumidor. Sua alimentação baseia-se, principalmente, em frutas, sementes, partes de macrófitas, organismos zooplantônicos grandes, moluscos, crustáceos e larvas de insetos. 7– Tambacu ( ) Híbrido originário do cruzamento entre o pacu e o tambaqui, com melhores índices de ganho de peso nas engordas, sendo portanto preferido para cultivo. Por ser híbrido de tambaqui, apresenta baixa resistência ao frio.
8– Carpa Cabeça Grande ( Aristichthys nobilis ) É a espécie de carpa que apresenta crescimento mais rápido, atingindo em média 2 Kg de ganho de peso por ano. Em situações especiais pode chegar a 5 Kg em um único ano. Possui hábito alimentar zooplanctófago, podendo aceitar ração triturada também. É um peixe muito procurado em pesqueiros nas épocas frias, por manter-se ativo. Pode ser cruzada com a carpa prateada, gerando híbridos muito semelhantes. 9– Carpa Capim ( Ctenopharyngodon idella ) Peixe de origem chinesa, que não se reproduz naturalmente em cativeiro. Possui hábito alimentar herbívoro, alimentando-se de plantas aquáticas, capins, leguminosas, frutos e raízes. Aceita ração também. É um peixe de crescimento rápido, podendo ultrapassar 1, 5 Kg em seu primeiro ano. Muito resistente à baixas temperaturas. Seu sabor é bastante apreciado em pesqueiros, onde vem ganhando maior destaque na modalidade de pesca de fly.
10 – Carpa Prateada ( Hypophthalmichthys molitrix ) Peixe bastante semelhante à carpa cabeçuda, porém menos dócil e resistente para manejo. Ë originária dos rios da Ásia. Alimenta-se de fitoplâncton. Esta característica torna-a bastante requisitada para policultivos, pois melhora o equilíbrio das águas. Pode ingerir ração, desde que esteja triturada. Cresce cerca de 1, 0 a 1, 5 Kg no primeiro ano. Embora possua um baixo valor de mercado, seu custo de produção é praticamente nulo, visto que é a espécie que melhor aproveita o fitoplâncton disponível no viveiro. 11 – Carpa Húngara ( Ciprinus carpio ) Existem várias espécies de carpas no Brasil. As mais cultivadas são as húngaras, que são espécies melhoradas da carpa escama e carpa espelho. Podemos destacar também as nishikigói, variedades coloridas melhoradas geneticamente, com finalidade ornamental. A carpa, é um peixe de fundo e de águas lênticas. Sua maturidade sexual se dá com 8 -12 meses, sendo que a fêmea coloca cerca de 100. 000 óvulos em duas desovas anuais. Seu ganho de peso está em torno de 1 kg por ano.
As carpas são, em todo o mundo, a espécie de peixe que melhor tolera as diferentes amplitudes climáticas, sobrevivendo de 0º C até a faixa de 40ºC. São, portanto, cosmopolitas. 12 - Piauçu ( Leporinus piau ) Originário da Bacia do Prata, o piauçu é considerado um bom peixe para a pesca esportiva, sendo este o objetivo de sua criação. Proporciona grandes sensações quando fisgado, além de poder ser capturado com varas de bambu nas orlas dos tanques, o que o torna mais atrativo. Reproduzem-se por indução, e o ganho de peso é satisfatório, atingindo cerca de 0, 8 kg por ano. Na natureza, podem atingir cerca de 5 a 6 Kg de peso. Por ser muito ativo, basta ser povoado em razões mínimas para que provoque alterações no pique da pesca em pesqueiros. 13 - Pintado ( Pseudoplatyistoma corruscans ) Peixes carnívoros de grande ocorrência nas águas brasileiras. São muito apreciados por seu sabor e também pelo tamanho que atingem. O pintado pode passar de 50 Kg.
É a espécie mais procurada em pescarias pelo pantanal, fator este que a trouxe até os criatórios. Reproduz-se por indução, e seus alevinos são os mais caros do mercado, com preços entre R$ 0, 80 e 2, 00 / unidade. Não se conhece muito sobre sua biologia, por isso é que enfrentamos altos índices de mortalidade na fase de alevinagem e pré-engorda. São extremamente sensíveis e fáceis de serem predados por aves. A comercialização é feita a partir de 2 Kg de peso, sendo uma das espécies mais valorizadas do mercado. Em pesqueiros, uma de suas vantagens é que pode ser mantido em caráter de policultivo, alimentando-se de espécies invasoras ou de ração, quando treinado. 14 - Cachara ( Pseudoplatystoma fasciatum ) Peixe também carnívoro e muito semelhante ao pintado, é de grande ocorrência em nossos rios. Possui menor porte que o pintado, chegando a atingir cerca de 15 Kg de peso. Sua diferenciação em relação ao pintado se dá pelas listras transversais que possui pelo corpo, ao invés das pintas.
15 – Cat fish ( Ictalurus puntactus ) Peixe norte americano, de excelente sabor, também chamado de bagre americano. Possui hábito alimentar carnívoro. Resistente ao frio, é uma ótima opção para épocas de inverno nos pesqueiros. É um peixe fácil de ser capturado, mantendo a pesca mais ativa em situações onde outros carnívoros não têm pique de pesca. Pode ser comercializado a partir de 1 Kg de peso, atingindo a faixa de 3 a 4 Kg. 16 - Dourado ( Salminus maxilosus ) É um peixe carnívoro, das águas da Bacia do Prata. Chega a atingir cerca de 20 Kg de peso. Valente por natureza, tem posição de destaque na hierarquia dos habitats onde freqüenta, sendo temido pelos outros peixes. Ainda tem presença pouco expressiva em pesqueiros e criatórios, pois pouco se sabe sobre sua larvicultura e alevinagem, o que torna o preço dos alevinos muito caros e as taxas de sobrevivência em viveiros baixas. Reproduz-se por indução, e pouco aceita ainda a ração artificial.
Alimenta-se de espécies forrageiras em situações de policultivo. Saboroso, muito esportivo, é uma das espécies mais procuradas em pescaria nos rios do Mato Grosso, MG do Sul, e Paraná. 17 - Black bass ( Micropterus salmoides ) Peixe carnívoro por excelência, é a espécie mais voraz que consegue se adaptar em nossos criatórios. Na falta de alimentação, chegam a predar-se uns aos outros. Origina-se da América do Norte, chegando a 3 Kg de peso. Seu crescimento é muito lento, em virtude da má conversão alimentar. É um peixe muito utilizado em bi cultivos com tilápias, para proporcionar equilíbrio na população do viveiro. Deve ser povoado na densidade média de 10% do total de tilápias. Nos criatórios, aceita muito pouco a ração artificial. Sua criação de engorda comercial ainda é praticamente inviável. É um peixe muito esportivo quando fisgado, e que vem ganhando alto destaque na pesca esportiva.
18 - Jurupecén ( Surubim lima ) Originário da Bacia do Prata, é um carnívoro de alta voracidade, sendo muito indicado para controle de espécies nativas, como o lambari, acará e outros. Sua carne é muito saborosa, não deixando nada a desejar para os peixes de couro de primeira linha. A relação da proporção da cabeça e corpo é a melhor de todos os “bagres” cultivados no Brasil. Pode chegar a cerca de 3 a 4 Kg de peso. Apresenta grandes vantagens para povoamento de tanques de pesqueiros, pois não fica muito grande a ponto de predar peixes de valor comercial e nem pequeno a ponto de ser desprezado pelo pescador. 19 - Pirarara ( Phractocephalus hemiliopterus ) Carnívoro originário da bacia amazônica, pode ocorrer em alguns pesqueiros servindo de atrativo, graças ao tamanho que atinge e sua esportividade na pesca. Pode ultrapassar os 100 Kg de peso. Por isso, é muito perigoso de ser mantido em policultivo, pois irá alimentar-se de outros peixes menores da criação.
20 - Clárias ( Clarias lazarea ) É um peixe de couro originário do continente africano. Extremamente resistente, pode chegar a ganhar uma média de 2, 0 kg/ano. Possui, além da respiração branquial, a respiração pulmonar, o que lhe permite ficar um bom tempo fora d’água. Seu hábito alimentar é carnívoro, mas aceita bem o arraçoamento. Sua reprodução, via de regra é induzida, mas pode reproduzir-se sozinho nos tanques. Pouco se conhece ainda, no Brasil, a respeito da biologia desse peixe, fator este responsável por perdas consideráveis entre os criadores, na fase de alevinagem. Já podemos dizer que certamente ele não é aquele predador vilão que inicialmente se pregou em sua introdução. 21 - Matrinchã ( Brycon cephalus ) Peixe da Bacia amazônica, recentemente introduzido em criatórios para atender a demanda de pesqueiros.
Atinge cerca de 2 a 3 Kg de peso, e tem hábito alimentar onívoro, nos criatórios, onde se alimenta basicamente de ração e também preda pequenos peixes. Espécie de piracema, reproduz-se por indução hormonal em laboratórios. É um peixe extremamente voraz e “brigador”, o que o torna muito atrativo nos pesqueiros, que pagam por ele cerca de R$ 7, 00/Kg. Seu peso de comercialização está em torno de 0, 8 a 1, 5 kg. Não pode ser manejado em baixas temperaturas, abaixo de 20ºC, pois não é adaptado ao frio. Sua carne tem sabor muito bem apreciado, tendo como limitação ao consumo apenas seus espinhos, que podem ser eliminados com cortes certos no preparo. 22 - Piraputanga ( Brycon hilarii ) Espécie oriunda da Bacia do Prata, é também uma nova alternativa para pesqueiros e criatórios. Possui muitas semelhanças com a matrinchã. Atinge cerca de 3 Kg de peso, sendo comercializada a partir de 0, 8 Kg. sua carne é de coloração rosada, lembrando a carne dos salmonídeos. O sabor é muito agradável, tendo apenas a restrição de espinhos. Nos criatórios, alimenta-se de ração, podendo também predar pequenas espécies invasoras. Sua reprodução é induzida, pois é espécie de águas lóticas. É um peixe muito esportivo, proporcionando boas surpresas nas pescarias de lazer.
23 - Piracanjuba ( Brycon orbignyanus ) Peixe ameaçado de extinção, por conseqüência da pesca predatória. Muito parecido com as matrinchãs, é uma novidade para os pesqueiros, onde deve ser muito requisitada para pesca esportiva e de fly. Comercializada a partir de 800 gramas de peso, pode atingir cerca de 3 Kg. Seu hábito alimentar é onívoro, aceitando muito bem a ração. 24 - Truta ( Salmo gairdnerii ) É um peixe carnívoro, de criação bastante sofisticada e trabalhosa, graças aos índices de qualidade de água de que a espécie necessita. Pode ser criada em regiões acima de 1. 000 metros de altitude, com temperaturas de água oscilando entre 13 a 17 o. C, e teores de 02 dissolvido entre 8 e 9 ml por litro de água. Sua criação se justifica em regiões de clima mais frio, onde o cultivo de outras espécies é limitado. Necessita de ração com altos teores de proteína. Possui sabor excelente, sendo comercializada a partir de 400 gramas de peso.
25 - Curimbatá ( Prochilodus scrofa ) Várias espécies do gênero Prochilodus são chamadas de curimatãs ou curimbatás, porém todas são muito semelhantes entre si. Seu nome varia muito de acordo com a região. De fundo, alimenta-se de detritos e lodo, aceitando também a ração artificial. Ganha cerca de 0, 6 a O, 8 kg de peso por ano. Seu sabor é razoável, e o preço de mercado é satisfatório, alcançando melhores índices se comercializado para pesque-pagues. A grande vantagem de sua criação é que, em policultivo com outras espécies, ele pode ser engordado alimentando-se basicamente de lodo e detritos do fundo do tanque, sem ônus da ração. Em condições ideais de cultivo, estes peixes atingem cerca de 4 Kg, desenvolvendo-se melhor em viveiros com área superior a 5. 000 m 2.
6) SISTEMAS DE CRIAÇÃO A piscicultura pode ser sistematizada de várias formas, de acordo com os recursos do próprio criador, apresentando, cada forma, uma diferente rentabilidade e aplicação prática. Os quatro níveis de produtividade são: Extensivo - A interferência do homem nos fatores de produção é mínima, restringindo-se ao povoamento inicial do tanque. Características: impossibilidade de esvaziar o tanque; impossibilidade de despesca; ausência de controle de reprodução; presença de aves e peixes predadores; ausência de adubação e alimentação artificial; produtividade baixa: até 500 kg por ha/ano. Semi-Extensivo - O homem interfere em alguns fatores de produção. Há um maior estímulo da produção primária. possibilidade de se esvaziar o tanque e se fazer a despesca; controle de reprodução; controle de predação; práticas de adubação e alimentação artificial à base de subprodutos; preocupação com densidade populacional; boas produtividades: até 6. 000 kg por ha/ano.
Intensivo - Os fatores básicos de produção são controlados pelo homem, gerando uma maior produtividade. densidade elevada de peixes; maior fluxo de água; alimentação com rações balanceadas; controle total de predação e peixes invasores; produtividades de 10 a 12 t/ano; Superintensivo - é um sistema que se destina a obter produção máxima por unidade de área, através do refinamento do manejo, das instalações, do melhoramento genético e da alimentação. São criações em tanques ou gaiolas superlotadas. Características: altíssimo fluxo de água (com renovação de um volume do tanque por dia); alimentação superbalanceada com suplementação; controle total de produção e perdas; espécies melhoradas geneticamente; produtividades de até 200 kg/m 3/ano.
7) ALEVINAGEM Tecnicamente, a alevinagem recebe o nome de pré-engorda, ou seja, é um preparativo para a engorda. É uma técnica que visa o monitoramento e controle das condições de manejo e crescimento dos alevinos, até que os mesmos já tenham condições de sobreviver em ambientes mais rústicos. Consiste em se proceder a soltura dos alevinos em tanques escavados de 200 a 1000 m 2 de superficie de espelho d’água, numa densidade tal que não ultrapasse 10 a 12 peixes por metro quadrado de viveiro. Desta forma, consegue-se controlar melhor a alimentação dos alevinos e consequentemente o seu crescimento. O manejo de eventuais doenças também torna-se facilitado, visto que os peixes encontram-se concentrados. A predação é eliminada quase que por completo, pois não há predadores aquáticos nestes ambientes. Os viveiros destinados a pré-engorda devem ser cheios somente alguns dias antes da chegada dos alevinos, para evitarmos a presença de predadores. O período de duração da pré-engorda varia de 60 a 90 dias, dependendo do tamanho em que se deseja retirar os peixes para a soltura nos viveiros de engorda. Geralmente são retirados peixes com 50 a 70 g de peso, chamados de juvenis.
Esta técnica tem aumentado muito os índices de sobrevivência de alevinos em criatórios, pois em situações convencionais, tais alevinos seriam eliminados em grande parte por predação e por dificuldades na obtenção de alimento. E necessário acompanharmos semanalmente o crescimento dos alevinos, para que seja fornecida a quantidade adequada de ração. Nesta fase recomenda-se que o peixe receba 12% do seu peso vivo em ração, divididas em quatro a cinco refeições diárias. Como o peixe ainda é pequeno e mais susceptível à doenças, devemos observar atentamente qualquer mudança de comportamento, que poderá indicar que algo não vai bem. Para evitarmos a alta incidência mortalidade causada por pássaros predadores, recomenda-se a colocação de telas de proteção sobre o viveiro, que podem ser encontradas em empresas especializadas. Vale lembrar que esta é a fase em que será determinada a sobrevivência dos peixes, devido à sua sensibilidade. Portanto, todo cuidado no manejo será refletido em aumento de produtividade.
8) POVOAMENTO DOS VIVEIROS Quando falamos em povoamento de viveiros podemos distinguir três formas distintas: o monocultivo - quando povoamos o viveiro com uma única espécie; o bicultivo - quando povoamos o viveiros com duas espécies diferentes; o policultivo - quando fazemos o povoamento com várias espécies de peixes. Qual seria, então o critério para a escolha de um ou outro tipo de exploração ? Devemos promover um aproveitamento adequado dos níveis tróficos de produtividade de cada viveiro, através da utilização de espécies diferentes. Esta é a base do policultivo, onde cada espécie explora um determinado nível de alimentação que o ambiente pode oferecer. Desta forma, teremos sempre o aproveitamento máximo da produtividade natural dos viveiros. Mas, na grande maioria das vezes, o povoamento de um viveiro não depende exclusivamente do ponto de vista técnico mas irá depender também de outros fatores. O povoamento envolve um projeto, cálculos de quantidade e qualidade de peixes a ser colocada, de acordo com normas econômicas e ambientais, para que se obtenha máxima produtividade.
No povoamento, devemos considerar: tamanho do viveiro; quantidade de alimentos naturais; quantidade e qualidade da água; presença de peixes invasores; fatores climáticos; condições fisicas para a despesca; demanda de mercado; fonte de alimentos artificiais; fonte de adubo; condições de armazenamento de peixes; condições de transporte de peixes; idade, tamanho e espécie de peixes; custo de produção; unidade de peixes.
9) ALIMENTAÇÃO Os peixes comem alimentos diferentes segundo a espécie a ser considerada. Existem basicamente cinco tipos de hábitos alimentares a serem relacionados: Peixes planctófagos - Alimentam-se do plâncton existente no meio aquático, tanto a parte vegetal (fitoplâncton) quanto a parte animal (zooplâncton). Peixes herbívoros - Alimentam-se de plantas que crescem na água, em particular as macrófitas. Peixes carnívoros - Comem outros animais, como insetos, crustáceos, moluscos e peixes menores. Peixes onívoros - Comem quase tudo o que encontram. Pode haver variação de hábito alimentar conforme a época do ano, local ou até conforme a idade do peixe. Peixes detritívoros – Alimentam-se de detritos de matéria orgânica do fundo dos tanques de criação. Por ser um animal pecilotérmico, o peixe come mais a medida que a temperatura aumenta. Inicialmente, na fase larval, o peixe não absorve alimento do meio, nutrindo-se de seu saco vitelino. Conforme o desenvolvimento, as necessidades nutricionais vão mudando.
Ainda não são conhecidas as necessidades nutricionais exatas dos peixes, mas sabe-se que uma boa ração deverá conter os seguintes nutrientes: Proteínas (PB) - São o principal componente das células e tecidos. A porcentagem de PB em uma ração pode variar de acordo com a espécie a ser criada. A necessidade de PB para a tilápia é de cerca de 28 %; para trutas 46 %. O ideal é que a proteína seja 50 % de origem animal e 50 % de origem vegetal. Deficiência de proteína significa diminuição de ganho de peso. Energia metabolizável (EM) - São substâncias gastas na locomoção, respiração, digestão e excreção. O teor ideal está em torno de 2. 800 a 3. 200 kcal. Lipídeos ou gorduras (LP) - Deve existir nas rações por ser acumulados pelos peixes como reserva de energia. O teor pode variar de 6 a 12 %. Aminoácidos essenciais - São componentes da proteína. Sua deficiência implica em perda de peso. Minerais - Fazem parte da composição de escamas, ossos e carne. Os principais são o cálcio e o fósforo. Os teores variam de O, 3 a O, 5 % para cada um. Vitaminas - Facilitam a atividade metabólica e melhoram a nutrição do peixe. O teor varia de 1 a 3 %.
Arraçoamento O alimento deve ser fornecido aos peixes em intervalos regulares, nos mesmos horários e mesmos locais, para que seja criado um condicionamento. Não se recomenda a oferta de alimentos em quantidades excedentes, pois os restos irão contaminar a água, em função da sua decomposição. As quantidades variam de acordo com o tamanho dos peixes e com a temperatura. Em geral, recomenda-se: PESO DO PEIXE ( g ) % DE ALIMENTO DIÁRIO > que 50 50 a 200 a 800 a 1000 Final de ciclo 12 6 3 2 0, 7 a 1 OBS. - Para situações de queda de temperatura, diminui-se ou suspende-se o arraçoamento.
Formas de Alimento Os alimentos para peixes encontram-se nas formas triturada, farelada, granulada ou peletizada, pastosa e extrusada. A trituração visa melhorar a ingestão através da adequação do tamanho das partículas. Não se recomenda o fornecimento de ingredientes triturados não agregados, pois a perda é muito grande. A peletizada é uma forma ainda utilizada. Deve ser mais recomendada para servida a peixes de hábitos de fundo de coluna d’água. A forma pastosa deve ser utilizada exclusivamente em incubadoras tipo bandeja, na fase de larvicultura, não sendo recomendada para viveiros de engorda por apresentar altos índices de perdas. A forma mais utilizada atualmente é a extrusada, pois permite que a ração flutue na água por um determinado período. Este fator possibilita o manejo adequado da quantidade de ração a ser ministrada, pois podemos observar os peixes comerem na superfície.
10) ENGORDA É um estágio em que o peixe deverá converter todo seu potencial genético em forma de crescimento. Para isso, necessitará de um ambiente adequado e alimentação abundante. Os peixes, quando colocados em um viveiro de engorda, irão competir basicamente por alimento e oxigênio. Em situações de cultivo intensivo, também temos o problema da liberação de amônia e outros dejetos na água. Por isso é que há a necessidade de renovação da água do viveiro, onde será eliminada a água do fundo, com os dejetos. A engorda exige uma densidade populacional por unidade de área, que terá influência direta na produtividade final do viveiro. A densidade de peixes deve ser bem explorada quantitativamente, desde que respeite os parâmetros adequados de qualidade de água dos viveiros (índices de oxigenação, teores de nitratos, nitritos, amônia, gás sulfídrico, p. H, sais, e outros). Tais parâmetros irão depender das condições naturais de cada local, além de medidas adequadas no manejo da criação. Portanto, não há uma fórmula matemática para povoamento de viveiros. O mais correto para se determinar uma densidade de peixes a povoar, é sabermos o peso em queremos despescar os peixes.
A partir deste valor é que calculamos o número de alevinos por metro quadrado de viveiro, respeitando uma biomassa máxima (na despesca) de 600 a 800 g/m 2. Este valor só poderá ser extrapolado com ótimas condições de renovação de água e adequação do viveiro. Para o cálculo da quantidade de ração a ser fornecida, devemos fazer uma amostragem quinzenal dos peixes para a determinação de seu peso médio. O trabalho com ração extrusada, é difícil controlar a quantidade consumida. É importante lembrar que o arraçoamento nunca deve ser feito nas horas mais frias do dia, como logo ao amanhecer, pois o metabolismo do peixe ainda estará muito baixo. Uma sugestão é dividir o arraçoamento em duas distribuições: uma às 11: 00 e outra às 16: 00 hs. Desta forma, a digestibilidade e o aproveitamento da ração serão melhorados. O constante monitoramento da temperatura, transparência, p. H e oxigênio dissolvido se torna necessário para evitarmos transtornos como “bloom” de algas e aparecimento de doenças.
11) ESPÉCIES INVASORAS A grande maioria de nossos rios, córregos e pequenos regos d`água são povoados por algumas pequenas espécies de peixes nativos, geralmente dotados de grande resistência, alta prolificidade e rusticidade. Podemos citar, dentre eles: Acará, Lambari, Traíra, Guarú Tais espécies, podem representar uma séria ameaça ou um limite à piscicultura, caso não sejam conhecidas e respeitadas suas respectivas influências no ecossistema aquático. Quando construimos um viveiro e nele introduzimos espécies exóticas com finalidade comercial, estamos sujeitos a penetração destas espécies nativas, seja pela via de abastecimento do viveiro, por influência de enchentes ou até mesmo pelas aves. São denominadas de espécies invasoras justamente por penetrarem ilegalmente nos viveiros. Uma vez introduzida a espécie nativa em viveiro comercial, passa a existir uma competição desigual entre ambas as comunidades, visto que os peixes nativos são extremamente rústicos e já estão adaptados ao local, pois ele faz parte do seu habitat natural. Já as espécies comerciais, por se originarem de ecossistemas diferentes e estarem agrupadas em altas densidades, colocam-se numa posição sempre mais frágil.
A conseqüência, então, é uma competição pelo oxigênio, alimentação e espaço físico do viveiro, gerando um crescimento cada vez maior parte dos peixes nativos, tanto em peso como em número de populações. Como resultado financeiro desta competição, temos um corte no faturamento que pode chegar a 50%, já que a biomassa do viveiro foi ocupada parcialmente por espécies nativas, que não têm valor comercial. Para evitarmos a entrada de peixes invasores nos criatórios, devemos proceder a um controle integrado composto por várias medidas, que juntas irão minimizar ou até mesmo eliminar a presença dos mesmos. Sugere-se como principal medida de controle, a sistematização da captação de água no abastecimento do viveiro. Se o criatório tem seus viveiros abastecidos por derivação do curso de água, torna-se relativamente fácil a eliminação das espécies invasoras. Para tal, coloca-se na entrada de água um filtro composto por telas e pedriscos. Este filtro impede a entrada de pequenos peixes e até ovos. Em propriedades onde os viveiros são construídos sem derivação do curso de água, é preciso colocar várias telas de diâmetros diferentes, para tentar conter, com a maior eficiência possível, a entrada dos invasores. Utiliza-se também, nestes casos, o povoamento com cerca de 5 a 30% de espécies predadoras, que irão se alimentar dos ovos e peixes que porventura tenham passado pela malha da tela, já que neste sistema de abastecimento é impossível impedir totalmente a entrada de invasores.
Uma espécie africana, introduzida há muito tempo em nosso continente, e que nos dias atuais constitui-se uma verdadeira ameaça a criatórios, pesqueiros e também ao ecossistema da bacia amazônica, é a tilápia rendalli. Trata-se de uma espécie extremamente prolífera, com fêmeas desovando em média 1000 óvulos, cerca de 3 a 4 vezes por ano. Para agravar, tal peixe é territorialista e resistente à adversidades climáticas e de qualidade de água.
12) COMERCIALIZAÇÃO A melhor maneira de promover a demanda do mercado é entregar a qualidade que o comprador deseja, quando e onde ele quiser, a preços competitivos. Infelizmente, tal situação ainda está muito longe da nossa realidade de consumo. Este sempre foi o maior entrave da piscicultura, pois nossos peixes não são processados para venda, e consequentemente a aceitação é menor. Hoje em dia, a população ainda tem que comprar o peixe inteiro, e algumas vezes até esviscerá-lo. Muitos dos locais de venda à varejo têm cheiro característico. Há inúmeras desvantagens neste tipo de comercialização, pois o peixe pode ter o gosto alterado, além de perdas da carne, cabeça, nadadeiras, vísceras e espinhos. Além do mais, as donas de casa não gostam de limpar os peixes dentro de suas cozinhas, sendo que na maioria dos casos não sabem sequer as formas adequadas de preparo, outro entrave ao consumo. Por estes motivos, não se conseguiu até agora, colocar o peixe numa posição de maior destaque na mesa do brasileiro. A opção mais rentável para os dias atuais, continua sendo a venda de peixes gordos vivos para pesque-pagues, que além de pagarem um preço melhor que os afins, incrementam o consumo de pescado, pois o consumidor sai com o peixe inteiramente fresco, e muitas vezes até eviscerado e filetado, já pronto para o consumo.
Os pesque-pagues demandam mais de 80 % da produção total de pescado de cativeiro, ficando a porção restante entre hipermercados (Carrefour; Extra; Pão de Açúcar; Wal Mart); Ceagesp; peixarias; rede de restaurantes; lanchonetes; hotéis e atacadistas do setor. De acordo com a tendência existente a aumento do consumo de pescado de criatórios, acredita-se num crescimento muito expressivo na comercialização dos mesmos para restaurantes e hotéis especializados, além de peixarias de alto padrão.
Av. República de Portugal, 420 Sítio Gaúcho – Santa Isabel – SP Cep. : 07500 -000 Tel. : (11) 4657 -5448 www. ranariosantaclara. com. br E-Mail. : contato@ranariosantaclara. com. br
eeb461da7b08b32f4acc246e725869ca.ppt