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6. – O Antigo Testamento Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de 6. – O Antigo Testamento Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço

6ª sessão – O Antigo Testamento 1. Sumário: O Antigo Testamento 2. 1. 1. 6ª sessão – O Antigo Testamento 1. Sumário: O Antigo Testamento 2. 1. 1. –O Antigo Testamento: sua importância 1. 2 – O Antigo Testamento: composição e denominação 1. 3 – O Antigo Testamento: a formação dos livros 1. 4 – O Antigo Testamento: línguas e traduções 2. O Pentateuco 2. 1 – O Pentateuco 2. 2 – O Génesis 2. 3 – O Êxodo 2. 4 – Levítico, Números e Deuteronómio 2. 5 – A Lei, coração da Antiga Aliança 3. Os livros históricos 3. 1 – Josué e Juízes 3. 2 – 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis 3. 3 – Crónicas e Esdras-Neemias 3. 4 – Outros livros históricos 4. Os livros sapienciais e poéticos (didácticos) 4. 1 – Literatura poética: Cântico dos Cânticos e Salmos 4. 2 – Livros sapienciais: Job, Provérbios, Eclesiastes, Sabedoria e Eclesiástico 5. Os livros proféticos 5. 1 – Os profetas 5. 2 – Os profetas maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel 5. 3 – Os “Doze” profetas menores 6. Uma análise de um texto: Segundo Relato da Criação (Gn 2, 4 b-3, 24) 7. Bibliografia recomendada (E. F. C. 6)

1. O Antigo Testamento 1. O Antigo Testamento

1. 1. – O Antigo Testamento: sua importância Antigo Testamento? ! Para que o 1. 1. – O Antigo Testamento: sua importância Antigo Testamento? ! Para que o vou ler, se já há um Novo? Rejeitar o AT seria equivalente a fazer o que fez Marcião, herege do séc. II que rejeitou entre outros livros do NT, todo os livros do AT! A Igreja sempre combateu o marcionismo (cf. CIC 123). No capítulo IV da DV, nos nºs 14 (história da salvação nos livros do AT), 15 (Importância do AT para a vida dos cristãos) e 16 (Unidade do A e NT) e no CIC (nºs 112, 121 a 123 e 128 a 130) estão algumas ajudas. O AT é uma parte da Sagrada Escritura que não se pode prescindir, pelo facto que os seus livros são divinamente inspirados e conservam um valor permanente, porque a Antiga Aliança nunca foi revogada; a unidade da Escritura advém do facto de Deus ser o seu autor! A economia do AT destina-se a preparar o advento de Cristo, redentor universal, que é o centro de toda a Escritura; todos os acontecimentos importantes da História da Salvação estão orientados ou projectados para Cristo (não podemos cair no extremo de pensar que todos os acontecimentos o são: um acontecimento só terá importância se levar ao desenvolvimento da fé do Povo de Deus em Cristo!). O próprio Cristo fez notar isso aos discípulos de Emaús: «começando por Moisés e continuando pelos profetas, explicou-lhes o que a Seu respeito estava dito nas Escrituras» (Lc 24, 27). O NT refere muitas vezes factos do AT: profecias que se cumprem, citações, etc. Muitas passagens do NT só se entendem com o NT; É anúncio velado de inúmeras profecias que se cumpriram no NT. Nos livros do AT já se encontra a pedagogia divina: apesar de conter muitas coisas imperfeitas, Deus tem paciência, condescende ao nível do homem para o elevar; determinadas normas só tinham justificação naquele contexto; a plenitude do AT só se dá no NT! (por ex: «Ouvistes o que foi dito…olho por olho… eu porém digo-vos…amai os vossos inimigos» ); e encontram-se sublimes doutrinas acerca de Deus, um tesouro de preces, etc. Em resumo: A razão de ser de tudo o revelado no Antigo Testamento, não era outra que preparar a Revelação do Filho. N’Ele Deus entrega-nos a Sua Palavra pessoal e definitiva de salvação. No Antigo Testamento, a Revelação é sempre parcial, fragmentária, multiforme e fica-se no anúncio. No Novo Testamento, é total, completa, única e cumpre-se para além do esperado.

1. 2. – O Antigo Testamento: composição e denominação A fórmula «Antigo Testamento» é 1. 2. – O Antigo Testamento: composição e denominação A fórmula «Antigo Testamento» é de origem cristã; surge no séc. II (por Melitão de Sardes) em complemento e paralelo com a de «Novo Testamento» . A Vulgata usou a palavra latina «testamentum» para traduzir a palavra hebraica bérith e o grego diahtéké. Esta palavra significa de início aliança; evolui para o sentido técnico que testamentum imortaliza em todas as línguas: assim, a tradução mais correcta seria Aliança. O Antigo Testamento é a primeira parte da bíblia cristã (cerca de 2/3). Com poucas excepções e algumas variantes, a sua composição é praticamente a da Bíblia hebraica dos judeus. Com excepção da Tora, a organização e a ordem dos livros em ambos os corpos são diversas. O AT compreende 46 livros (ou 45, se juntarmos Jeremias e Lamentações; ou 47, se separarmos a Carta de Jaremias, do Livro de Baruc) e divide-se em quatro partes, pela seguinte ordem: 5 livros do Pentateuco; os 16 livros históricos (não são história no sentido actual, mas podem conter história, mas cujo interesse está em segundo lugar: o importante reconhecer a acção de Deus nos acontecimentos; doe Josué ao 2º Livro dos Macabeus); os 7 sapienciais (expressa a sabedoria retirada da vida; de Job ao Eclesiástico); os 18 proféticos (de Isaías a Malaquias). Alguns, ausentes da Bíblia hebraica, estão escritos em grego ou só existem em grego; os profetas podem ser: maiores, que ocupam maior extensão dos seus escritos (Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel; a estes agregam-se Baruc, considerado secretário de Jeremias e as Lamentações de Jeremias); e menores (os restantes); podem ser escritores (se deixaram algum escrito) e não-escritores ( os restantes). A Bíblia hebraica tem 3 secções: os cinco livros da Tora ( de Moisés); os profetas (Nebiim; profetas anteriores: de Josué aos reis, correspondem +/- aos nossos históricos; os posteriores são 15, de Isaías a Malaquias); e os 13 Escritos (Ketubbim; dos Salmos às Crónicas, dos quais os 5 rolos ou Megilloth, que se liam inteiros nas festas judaicas); é a Tanak (iniciais de Tora, Nebiim e Ketubim), num total de 24 (ou 22 livros) livros. Estes livros correspondem aos 39 livros da Bíblia protestante, como vimos. A Bíblia protestante tem 7 livros (+ alguns trechos) a menos do que a católica: chamados deuterocanónicos pelos católicos (entrados em segundo lugar no cânone); são: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruc, 1 e 2 Macabeus, adições gregas de Ester e as adições gregas de Daniel. A razão prende-se com a existência dos dois cânones para o AT: o judaicopalestinense, mais curto, adoptado pelos judeus em Jâmnia no séc. I d. C. , seguido pelos protestantes na Reforma; e o judaicoalexandrino, mais longo, com livros escritos em grego, adoptado pelos judeus da Diáspora, na Versão dos LXX, por volta de 250 a. C. : este é o cânone católico. As principais razões de recusa desses livros por parte dos protestantes prende-se com o facto de esses livros defenderem doutrinas contrárias às suas: por exemplo, a do Purgatório.

1. 3. – O Antigo Testamento: formação dos livros A formação dos livros da 1. 3. – O Antigo Testamento: formação dos livros A formação dos livros da Bíblia é um processo com três momentos: 1º vivência, fé vivida, segundo determinada norma ou conduta; 2º - primeira redacção: começa-se a escrever qualquer coisa; documentos que iam circulando na comunidade; 3º - redacção final: vários autores vão retocando o texto, até o texto que hoje temos. Na redacção final, levanta-se a questão da autenticidade (saber se o livro foi escrito pode determinada pessoa ou não; por exemplo, há Salmos atribuídos a David que o não são). De notar que muitos livros não foram escritos na época da qual falam! Etapa histórica Séc. s (+/-) Livros que falam dessa etapa Livros escritos nessa etapa ? Génesis - Etapa patriarcal (Abraão, Isaac, Jacob, José) XIX a XIII a. C. Génesis Tradições orais Etapa mosaica XIII a. C. Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio Tradições orais Conquistas da Terra XIII a XI a. C. Etapa da monarquia (Reino Unido e divisão em dois reinos) 1000 a 587 a. C. Etapa do Exílio ou Cativeiro 587 a 538 a. C. Etapa do Judaísmo (domínio persa, grego e macabeu; ) 538 a 63 a. C. Pré-história bíblica Josué e Juízes Tradições orais; alguns documentos escritos (Código da Aliança, Decálogo, etc. ) Alguns Salmos, fonte javista, alguns históricos (I e II Samuel, I e II Reis); alguns proféticos (Amós, Oseias, Isaías I, Sofonias, Jeremias, Naum, Habacuc… Lamentações, Deutero-Isaías, Abdias, alguns Salmos Redacçaõ definiitva Pentateuco (Esdras 400 a. C: ? ), Zacarias, Esdras-Neemias, Daniel, Sabedoria, Macabeus…

1. 4. – O Antigo Testamento: línguas e traduções Como vimos no E. F. 1. 4. – O Antigo Testamento: línguas e traduções Como vimos no E. F. C. 5, o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, aramaico (este especialmente nos livros Esdras, Daniel, Jeremias e Génesis) e grego (os livros da Sabedoria, do 2 Macabeus, as partes deuterocanónicas de Ester e Daniel). Os restantes deuterocanónicos (além de Sab e 2 Mac) parecem ter sido escritos noutras línguas, embora só possuímos cópias em grego. - O hebraico era a língua sagrada e servia para a leitura na sinagoga; - O aramaico começou a ser usada no comércio e diplomacia no séc. VI a. C. e no tempo de Jesus tornara-se uma língua popular; - O grego (koiné) ou comum, língua vulgar de todo o vasto império constituído por Alexandre. Versões. Algumas Traduções antigas do AT. 1) Versão samaritana (séc. II a. C. ) Oferece um Pentateuco ampliado, único texto sagrado dos samaritanos. 2) VERSÕES GREGAS: - Dos LXX (séc. III a. C. ): tradução de setenta tradutores (ou 72) ou sábios que foram de Jerusalém para Alexandria e traduzindo separadamente o texto sagrado, chegaram à mesma tradução. - Decalque de Áquila (128 -129 d. C. ): a cada palavra hebraica corresponde uma única palavra grega; - De Teodocião; Fragmento da Versão dos LXX - De Símaco (165 d. C. ): quase inteiramente desaparecida; -- Héxapla de Orígenes (220 a 245 d. C. ) inscreveu o texto hebraico, transcreveu-os em caracteres gregos, depois inseriu as versões gregas de Áquila, Símaco, Teodocião e dos Setenta: 6 colunas ao todo, daí a designação de Héxapla, obra gigantesca, hoje quase completamente perdida. Jerónimo serviu-se dela para a Vulgata latina. 3) VERSÕES ARAMAICAS: -Targums: compreendia elementos de explicação; utilizavam-se nas sinagogas; existem targums do Pentateuco e um targum dos profetas; targum

2. O Pentateuco 2. O Pentateuco

2. 1 - O Pentateuco Os cinco primeiros livros da Bíblia (Génesis, Êxodo, Levítico, 2. 1 - O Pentateuco Os cinco primeiros livros da Bíblia (Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio), são chamados de a “Lei” (em hebraico Torah ou Torá) ou “a Lei (Torah) de Moisés”, considerados uma só unidade. Na Tradição judaica são simplesmente a Torah. A palavra cristã Pentateuco impôs-se depois: é a transcrição do latim pentateuchus (liber), tradução do grego hè pentateuchos (biblos), “o (livro) em cinco volumes”, ou «cinco rolos» , ou «cinco estojos» , fórmula comprovada em meados do séc. II. Na Bíblia hebraica, e segundo o costume mesopotâmico, cada um dos cinco livros do Pentateuco tem por título a sua primeirapalavra ou expressão; mais tarde, por intermédio da Tradução grega dos Setenta e da Vulgata latina, um outro nome se impõe, dando os tradutores um nome conforme o seu conteúdo… Português Hebraico Grego Latim Significado Génesis Bereshit ( בראשית ברא « : ) אלהים No princípio…» Genesis «Origem» , «nascimento» , Livro das Origens. Narra as origens do mundo e do ser humano desde os seus começos até a formação de Israel como povo, pouco antes da saída do Egipto. Origens da humanidade e de Israel, duas etapas de um único projecto salvador de Deus. Êxodo Shemot (“nomes”: «Estes são os nomes…» ) Exodos Exodus «saída» . A saída dos hebreus do Egipto, guiados por Moisés, a passagem milagrosa do Mar Vermelho e a sua estadia no Sinai, onde recebem de Deus a Lei, sancionada por um pacto ou Aliança (Berith) entre Deus e o povo. Desde esse momento, Israel chega a ser o Povo eleito e chamado por Deus. Levítico Wayyiqera (“E chamou”: «O Senhor chamou…» ) Lévitikon Leviticus «o livro da lei» , «livro dos levitas» . É essencialmente uma compilação de Leis. Números Bamidebar (“No deserto”: «O Senhor chamou a Moisés no deserto…» Arithmoi Numeri «números» . Censo do povo que aparece nos seus primeiros capítulos, embora depois se detenha a narrar a vida de Israel com as suas vicissitudes. Deuteronómio Debarim (“Palavras”: «Estas são as palavras…» ). Deuteron omion Deuteron omium «a segunda lei» , deriva da interpretação do tradutor de Dt 17, 18. Mais do que um conjunto de leis, é um conjunto de exortações e de chamadas a Israel para que permaneça fiel ao Senhor.

2. 1 - O Pentateuco tem dois pilares: 1º - O plano divino de 2. 1 - O Pentateuco tem dois pilares: 1º - O plano divino de salvação trazido por Deus; 2º - A resposta a esse plano por parte do homem, desse povo escolhido. O Pentateuco dá resposta às grandes questões de Israel: quem criou o mundo e o homem? (Génesis – origem da humanidade e da história dos patriarcas); quando teve Israel consciência de ser povo eleito? Êxodo (libertação do Egipto, travessia do deserto, Aliança do Sinai); como deve reger-se a comunidade de Israel? Levítico (conjunto de leis e normas), Números (experiência do amor de Javé) e Deuteronómio (segunda lei). Assim, os livros não são independentes, mas estamos perante uma mesma trama narrativa e que se divide em seis grandes etapas, perfeitamente diferenciadas: 1 - História das origens (Gn 1, 11); 2 - História patriarcal (Gn 12 -50); 3 Saída do Egipto e a travessia para o Sinai (Ex 1 -18); 4 - Revelação no Sinai (EX 19 -40 + Lev + Nm 1 -10); 5 - Travessia do deserto do Sinai até as planícies de Moab (Nm 10 -36); 6 - Discursos e despedida de Moisés (Dt). Estes livros formam a Torá ou Lei por excelência, a carta constitucional que consagrou os princípios fundacionais, religiosos e civis, pelos quais Israel se constituiu como povo com identidade própria e referido exclusivamente com o seu Deus, Javé. Autor do Pentateuco. Tradicionalmente foi atribuído a Moisés a autoria do Pentateuco, mas estudos mais recentes chegaram à conclusão que teve outros autores, que foram acrescentando elementos. Para uma multiplicidade de fontes, apontam por exemplo: os relatos duplos (2 relatos da criação; 2 relatos sobre a vocação de Moisés Ex 3) e a mudança do nome de Deus. Curiosidade: alguns exegetas pensam que se pode falar de um Hexateuco (Pentateuco mais Josué) ou Heptateuco (Hexateuco mais Juízes), pois pensam tratar-se de uma só unidade literária, tendo por base os mesmos autores. Antes de se fixarem por escrito, as tradições eram transmitidas por via oral. Numerosos estudiosos da Bíblia teceram várias hipóteses. A mais famosa foi a teoria das quatro “tradições”, ou “fontes”, formulada no séc. XIX por Julius Wellhausen (hipótese documentária). Ainda que esta hipótese tenha sido superada, pelo menos em parte (devido à “descoberta” de uma nova fonte, a laica, a novos métodos de interpretação, etc. ), foi o notável o contributo que deu, merecendo por isso ser conhecida. Em termos clássicos, seria Esdras, por volta de 400 a. C. que procedeu à “colagem” dessas tradições, redigindo o Pentateuco. Uma comparação feita é a de quatro rios que se vão juntando num só… As “fontes” clássicas do Pentateuco estão reflectidas no quadro seguinte…

2. 1 - O Pentateuco Fonte e sigla Séc. e lugar Características X a. 2. 1 - O Pentateuco Fonte e sigla Séc. e lugar Características X a. C. (época de Salomão, por volta de 950 a. C. ) ou IX; no Reino do Sul (Judá) - Utiliza em larga medida o nome de Deus , «Javé» ; -Dá importância ao Rei como congregador da fé e do povo, é filho de Deus no sentido funcional, como instrumento nas mãos de Deus; -certo universalismo: o Povo de Israel começa a tomar consciência que é um Povo escolhido por Deus não só em sua função, mas também da salvação de outros povos; -É um grande contista, narrador de histórias, Estilo vivo, concreto, expressivo, dramático, com imagens vivas; -Personagens, lugares e costumes dos povos descritos de forma precisa; -Deus é representado com traços antropomórficos, quase com formas humanas (trabalha com o barro, passeia no Éden, etc. ); -Deus está sempre pronto a perdoar, mas também pode amaldiçoar; -Ênfase na salvação como possessão da Terra Prometida. VIII (ou IX a. C) no Rei no do Nor te (Isr ael) -Chama a Deus de «Eloim» ; -Chama Monte Horeb ao Sinai, aos cananeus de amorreus… - Dá muita importância ao profeta como congregador do povo (por exemplo, Elias e Oseias); -Menos dramático e menos concreto; -Evita o antropomorfismo, tende a espiritualizar a imagem de Deus: proíbe s suas representações (cfr. Ex 24, 10), Deus quase nunca intervém pessoalmente, mas através de sonhos, visões e milagres; -Acentua o aspecto moral, apresentando a mensagem religiosa com maior reflexão; -Sublinha a fé testada até ao limite, o temor de Deus, os temas da eleição do povo de Israel e da aliança; a salvação do povo é a Aliança de Amor com Deus e não a Terra Prometida; VII (ano 622 a. C. Reforma de Josias) em Deuteronomista Jerusalém (D) -A figura central é Moisés, como orador e legislador e não como libertador; -Não é uma narração histórica, mas um código de leis; mas a história do povo está presente indirectamente; o passado do povo é uma lição onde se aprende a fidelidade a Deus; -Insiste no temor / amor de Deus em termos de obediência aos Mandamentos e de ameaça com castigos; Estilo exortativo (parecido com homilias); -Insiste-se muito no tema da eleição: Deus é único, fiel à sua promessa, escolheu um povo que a Ele tudo deve, sendo a Lei a garantia da vida e fonte de alegria; -Vocabulário típico: «Amar a Deus» , «Servir a Deus» … -Um único Deus, um único povo, um único Templo… Sacerdotal (P, VI (Regresso inicial do do Exílio) em alemão priester, Jerusalém padre) -Rigorosa, sublinha os traços distintivos do Judaísmo: o Sábado, a circuncisão, a Lei. -Forma de falar solene, litúrgica; -Preocupa-se em ensinar, especialmente as normas de culto; -Procura a precisão das datas, das cronologias; -Deus é apresentado de uma maneira mais espiritual e abstracta (é «Espírito» , cf. Gn 1, 2). Javista (J) Eloísta (E)

2. 2 – O Génesis «Génesis» : do grega génésis, “origem”, “nascimento”. Este livro 2. 2 – O Génesis «Génesis» : do grega génésis, “origem”, “nascimento”. Este livro não teve só um autor: é o resultado de antigas tradições orais, populares e da recompilação de três fontes: javista, eloísta e sacerdotal. Usa os relatos míticos, lendas e genalogias. Na literatura próxima de povos vizinhos de Israel, por exemplo, na Mesopotâmia, encontram-se relatos parecidos que falam também do início do mundo: o poema de Enuma-Elish, de Gilgamesh, etc; mas há diferenças dignas de nota: na bíblia realça-se o monoteísmo (em contraste com o politeísmo dos povos vizinhos); o Deus da bíblia e amor, ao contrário dos outros que são egoístas e superficiais; e o relato bíblico encontra-se purificado das fantasias mitológicas, vincando a reflexão teológica. Assim, o Génesis é único, não na sua forma literária, mas na mensagem sobre Deus e o homem. Divide-se em duas grandes partes: História das origens (Gn 1 -11) e História Patriarcal (Gn 12 -50). I –História das Origens (Gn 1, 1 -11, 32) do mundo e da humanidade: Gn 1 -3: relato da criação, da queda do homem, da intervenção de Deus e a sentença, a promessa da redenção; Gn 4 -5: o progresso do mal e da humanidade; Gn 6 -10: o dilúvio universal, consequências do pecado e Aliança de Deus; Gn 11 – A torre de Babel, consequências do pecado e chamada de atenção de Deus. De um modo resumido, os ensinamentos de Gn 1 -11 são: Deus é o Criador de tudo quanto existe; o homem foi criado por Deus para viver em amizade com Ele e foi colocado num estado de felicidade; criou-os homem e mulher para que compartilhassem o amor e continuassem o género humano; por instigação do demónio (da serpente), o homem pecou por soberba (quis ser como Deus) e pelo pecado gerou-se a dor, a morte e todas as inclinações más que o homem tem no seu coração; ao primeiro pecado, o das origens, seguiram -se outros pecados da humanidade; mas Deus nunca abandonou o homem e prometeu-lhe logo a redenção, em Gn 3, 15, em que promete um Salvador, que seria o Seu Filho, Jesus Cristo. II – História dos patriarcas (Gn 12 -50). Trata das origens do povo de Deus. Gn 12 -25 (Ciclo de Abraão). Gn. 26 -27 (Ciclo de Isaac). Gn. 28 -36 ( Ciclo de Jacob). Gn. 37 -50 (Ciclo de José). Mediante a história do homem, de afastamento de Deus, Deus propõe a Sua história, a História da Salvação. Deus quer formar o Seu povo e iniciar com ele uma História de salvação para todos os homens. Para isso escolhe ABRAÃO, prova-o na sua fé e obediência, tornando-se o pai dos crentes. Abrão ( «pai venerado» ) torna-se Abraão ( «pai de muitas nações» ), nome dado por Deus como início de uma nova missão e recompensa-o, com a Sua proximidade, compaixão e amor. Os outros patriarcas são: Isaac (o filho da promessa), Jacob que se torna Israel ( «Deus é forte» , sendo o homem da astúcia) e José é o homem honesto, íntegro, cheio de caridade e sábio. Realça-se o seguinte conteúdo teológico e espiritual: Deus escolhe homens para realizar o Seu plano de salvação; Deus pede obediência de fé e disponibilidade total; As provas são ocasião maravilhosa para demonstrar a nossa preferência por Deus; Deus é sempre fiel às suas promessas; O povo que Deus escolhe é um povo a caminho na História da Salvação, que se vai realizando no seu caminhar; é um povo a caminho, até à sua eterna pátria.

2. 3 - O Êxodo significa «saída» . Retrata a saída dos hebreus do 2. 3 - O Êxodo significa «saída» . Retrata a saída dos hebreus do Egipto, por volta de 1250 a. C. É fruto de quatro tradições: javista, eloísta, deuteronomista e sacerdotal. Os seus relatos encaixam no género literário épicoreligoso: apresentam situações e factos verdadeiros, mas narrados de forma grandiosa, e sempre com finalidade religiosa, isto é, para nossa salvação. É o que apresenta maior diversidade de géneros literários: materiais narrativos, legais, litúrgicos, etc. 3 partes do livro: 1ª A preparação e saída do Egipto (Ex 1, 1 -15, 21). Integram-se a opressão dos hebreus, a vocação de Moisés, as pragas, a celebração da Páscoa, a passagem milagrosa do Mar vermelho, o cântico triunfal. 2ª A marcha dos hebreus pelo deserto (Ex 15, 22 -18, 27). Inserem-se uma sequência de episódios maravilhosos, como o dom do maná e o milagre em que Deus faz jorrar água de um rochedo. 3ª O dom da Lei do Sinai (10, 1 -40, 38). O Decálogo e o Livro da Aliança. Inserem-se prescrições sobre a construção do santuário, o episódio do bezerro de ouro, etc. A Páscoa. O relato do Êxodo da última noite que os hebreus passam no Egipto é associado à festa da Páscoa (do hebraico pésach). Celebra a libertação de Israel do jugo egípcio. Na Bíblia, significa o acto de “saltar” ou de “passar” no sentido de “poupar”: é a passagem de Javé sobre as casas dos israelitas para que a dos egipícios fossem castigadas. Havia duas festas nos povos de Canaã, mais tarde absorvidas pelos hebreus: a Páscoa (oferecia-se o melhor novilho dos rebanhos, para garantir a fecundidade dos rebanhos; pesach também se refere à passagem da transumância, da procura das melhores pastagens pelos rebanhos) e a dos ázimos (festa de agricultores que oferecia aos deuses as melhores colheitas, as primeiras). Páscoa passa a ser a passagem em que Deus protege o Seu primogénito: Israel. Oferece-se primogénito dos rebanhos e colheitas a Deus, para O louvar) e para Lhe dar o que Lhe pertence (a terra é Dele); o Primogénito de Deus, Israel, não pode morrer. Passa a ser a passagem da terra da escravidão para a liberdade; nos cristãos é a festa da paixão, morte e ressurreição de Cristo, verdadeiro cordeiro pascal, imolado a Deus pelos homens. Conteúdo teológico-espiritual do Êxodo: -Deus: a Sua imagem configura-se a partir da revelação do Seu nome: Javé, sempre disposto a acudir os Seus eleitos. É Uno, transcendente, Senhor do cosmos, como o demonstra nas pragas, na passagem do mar… Senhor da história, Deus está por detrás dos acontecimentos; É fiel à Sua palavra, solidário com os que sofrem; o faraó é o seu inverso: egoísta, sanguinário… - Moisés: imagem perfeita do homem eleito, cuja missão será salvar o povo com a ajuda do Senhor; não parecia ser o homem mais indicado, pouco fluente na palavra, quando foge do Egipto e perde as honras reais é que é chamado para a missão… É o intermediário entre Deus e o povo; assumiu perfeitamente a sua missão. - O povo: começa a história de Israel como povo; ao contrário de Moisés, o povo é o eleito que não cumpre a sua missão, e se livra da aniquilação graças á intercessão de Moisés; -A Aliança: o culminar de uma marcha ao encontro do Senhor.

2. 4 - Levítico, Números e Deuteronómio LEVÍTICO: leis litúrgicas ou de culto; NÚMEROS: 2. 4 - Levítico, Números e Deuteronómio LEVÍTICO: leis litúrgicas ou de culto; NÚMEROS: factos ocorridos no deserto e algumas leis sem ordem; o deserto é o local de prova e intimidade com Deus; DEUTERONÓMIO: leis morais e de justiça para o povo; é considerado como o discurso de despedida de Moisés; divide-se em 5 grandes discursos: dois de introdução (o primeiro é uma repetição da história de Israel desde a partida do Horeb ou Sinai; aí se inclui o Shema, oração dos judeus Dt 6, 4: «Escuta Israel! Javé nosso Deus é o único Deus» , bem como uma bela profissão histórica, o credo histórico); o código de leis do Deuteronómio (em duas partes) e por fim, conclusões, exortações e bênçãos. Conteúdo teológico e espiritual destes livros: São cinco grandes temas: um Deus, um povo, uma terra, uma lei, um santuário. -Deus: uno, santo, libertador, guia e pai providente, chefe militar, Deus dos deuses, Senhor dos senhores, valente e terrível, imparcial, justo e benévolo; -Povo: é um povo santo e consagrado ao Senhor. A sua finalidade é amar o Senhor, reconhecê-l’O como Deus; Deus é santo, pelo que o povo também o deve se, juntamente com a fraternidade e justiça, especialmente aos mais pobres e necessitados; -Terra: de Deus vêm todos os bens que Israel possui; somente deve confiar no Senhor, sem vangloriar-se ou temer; -Lei: o povo necessita de uma lei para viver em sociedade; ser fiel à Lei é ser fiel ao Senhor; do cumprimento das leis depende a vida e a bênção desse povo; dão-se leis da pureza e impureza legal, ser puro é ser são, bom, santo; para nós, pureza é a virtude moral do nosso comportamento que regula a esfera da sexualidade; - Santuário: o centro do culto é o templo; , onde se faziam as orações e sacrifícios, meios para nos tornarmos santos; pede-se a Israel que destrua os locais de culto cananeus e se volte para Deus.

2. 5 - A Lei, coração da Antiga Aliança Os dez mandamentos (Ex 20, 2. 5 - A Lei, coração da Antiga Aliança Os dez mandamentos (Ex 20, 1 -21; Dt 5, 1 -22) formam a “carta constitucioonal” com que Deus elege Israel de entre as nações da terra. Depositados e guardados na Arca da Aliança, eles tornam-se sinal da presença de Deus e da Sua Palavra. 1º degrau da Aliança: a criação (Gn 1 -2), que uniu a totalidade do universo ao seu criador; 2º degrau da Aliança: renovada a aliança com Noé (Gn 9, 1 -7), com o sinal do arco-íris; 3º degrau da Aliança: em Abraão sob o signo da circuncisão e da tríplice promessa: terra, descendência e bênção (Gn 12, 1 -17; 15, 1 -19; 17, 127; 21, 1 -18); 4º degrau da Aliança: o Sinai; Moisés e Israel tornam-se os “eleitos” da revelação da vontade divina sobre a terra (Ex 19 -24; Dt 5 -7); 5º degrau da Aliança: consagração da Tribo de Levi ao serviço de Deus presente no Seu santuário (Ex 32, 25 -29; Dt 10, 1 -9); 6º degrau da Aliança: a monarquia do rei David, unida ao sumo sacerdócio, representa mais um passo; 7º degrau da Aliança: ainda falta este degrau; é o sinal que aponta o olhar para o futuro, indicando o Messias, rei e sacerdote, por meio dos profetas.

3. Os livros históricos 3. Os livros históricos

3. 1 - Josué e Juízes Os livros de Josué, dos Juízes, de Samuel 3. 1 - Josué e Juízes Os livros de Josué, dos Juízes, de Samuel (1 e 2) e dos Reis (1 e 2) formam um conjunto literário cujo conteúdo é essencialmente histórico. Descrevem a história de Israel desde a conquista de Canaã até à conquista de Jerusalém ou ao Exílio da Babilónia. Dependem todos da mesma síntese historiográfica, do tempo de Josias (622 a. C. ), assemelham-se pelo conceito de história, língua e pensamento religioso ao Deuteronómio: por isso, são chamados por obra «deuteronomista» . O Livro de JOSUÉ Livro dominado pela figura de Josué: colaborador de Moisés, com fidelidade inquebrantável, guia do povo eleito. Lembra Jesus Cristo, entre outros motivos pela coincidência do nome (Josué significa «Javé é auxílio» ; Jesus é a transcrição grega de je[ho]schua = «Javé é auxílio» ). Conteúdo: Abrange o período da morte de Moisés à de Josué. Livro de “batalhas e guerras”. 1. A conquista da Terra de canaã (Jos 1, 112, 24); 2. Distribuição da Terra Prometida pelas tribos (Jos 13, 121, 45); 3. Epílogo: descanso em Canaã e as Assembleias de Siquém: renovação da Aliança (Jos 22 -24). Ensinamentos. Fidelidade à palavra de Deus; realça a Aliança de Javé com o Seu povo eleito; as vitórias militares são consequência do cumprimento da Aliança por parte dos hebreus. Deus dá provas da missão confiada a Josué perante o Seu povo, mediante prodígios. O mais importante, é a passagem do Rio Jordão, similar ao Mar Vermelho. Questões. 1ª - Historicidade dos factos. Há uma historicidade de substância, embora os factos concretos possam ser distintos; os autores não querem fazer história, mas tratam de justificar como se assentou Israel na Terra Prometida, havendo diversidade de opiniões. 2ª - O extermínio (herem) das povoações. Era uma prática habitual da época; deve-se recordar o carácter progressivo da revelação; eram normas transitórias; o definitivo está em Mt 5, 44 -45: «Amai os vossos inimigos…» . O Livro dos JUÍZES Não é dominado por uma figura como o precedente. O livro fala da chegada do povo de Israel à Terra Prometida, a sua fixação definitiva, as suas dificuldades e a protecção divina. A organização do povo é mediante tribos, clãs e famílias. Não há uma cabeça que governe: cada tribo actua com grande autonomia. Deus suscita nos momentos necessários juízes, homens carismáticos, líderes, que guiam o povo eleito. Aparece a tendência cada vez maior de imitar os povos vizinhos a estabelecer uma monarquia e a imitar os seus cultos idolátricos. O JUIZ tem a missão de ser juiz, julgar os israelitas nas suas querelas e guiar o povo noutras questões, especialmente bélicas. Aparecem 12 juízes, divididos em MAIORES (Otoniel, Eúde, Débora e Barac, Gedeão, Jefté e Sansão) E MENORES (todos os outros). Conteúdo: 1. prólogo (Jz 1, 1 -3, 6): fixação na terra prometida; últimas batalhas; 2. primeiros juizes (Jz 3, 73, 30); 3. Débora (Jz 4, 1 -5, 32): uma mulher juiz; 4. Gedeão (Jz 6 -9); 5. Jefté (Jz 10, 6 -12, 15): voto de Jefté; 6. Sansão (Jz 12 -16); 7. Um levita é bem tratado (Jz 1718); 8. Um levita é maltratatdo (Jz 19 -21). «Guerra civil» contra a tribo de Benjamim e extermínio desta tribo (Jz 20, 48); arrependimento e restabelecimento da tribo com os poucos sobreviventes.

3. 2 – 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis Os livros 3. 2 – 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis Os livros de Samuel e dos Reis contam a história da realeza israelita: preparação, instauração, decadência, pontos altos com David e Salomão. Livros de Samuel: 1 e 2 Livros dos Reis: 1 e 2 Conteúdo. Cobre o final da época dos juízes e o início da monarquia, narram o advento da monarquia em Israel: reinado de Saúl e de David. Abarcam a história desde a morte de David e o começo do reinado de Salomão (cerca de 970 a. C. ) até à queda de Jerusalém (587 a. C. ); inclui desde o esplendor de Salomão até ao desaparecimento como Estado. Neste período actuam os maiores profetas de Israel. Divisão: 1ª - História de Samuel (1 Sam 1 -12): último juiz; nascimento milagroso de Samuel, infância no templo e vocação; 2ª - História de Saúl (1 Sam 13 -31); 3ª - Reinado de David (2 Sam): a sua história é importante para a História da Salvação: da descendência de David nascerá o Messias. A arca da Aliança foi levada para Jerusalém, devido à predilecção divina por esta cidade; começa-se a contrapor Israel a Judá. Ensinamentos. 1. Eleição gratuita de Deus, vocação; 2. A eleição de Deus é irrevogável, mas os homens podem arruiná-la pela sua conduta e soberba (caso de Saúl); 3. David, figura de Cristo; David, rei que sofre e atraiçoado é a figura do Messias; 4. Sentido religioso da história: Deus governa os povos e os dirige para o seu fim. Divisão: 1ª - Reinado de Salomão; 2ª - História paralela dos dois reinos até o desaparecimento do reino do Norte; 3ª - História do Reino de Judá até ao seu desaparecimento. Conteúdo: 1ª parte – construção do templo de Jerusalém; 2ª parte – Jeroboão I é a figura principal do Reino do Norte; realça-se o seu pecado, de idolatria, culto paralelo; instabilidade política, queda do reino e ciclo de Elias e Eliseu; 3ª parte – os reis são ímpios, que favorecem a idolatria, como Roboão, Abias, Acaz, etc. ; os reis são aceitáveis, se não favorecem o paganismo, mas não arrancam a idolatria da raiz popular, como Asa, Josafat, Azarias, etc. ; 3ª Exemplares: promovem uma reforma religiosa: Ezequias e especialmente Josias. Os reis do Sul são descendentes de David. Ensinamentos. O destino do homem está nas mãos de Deus e depende da sua fidelidade aos planos que Ele nos traçou. Deus enviou profetas para adverter o Seu povo nos momentos cruciais. A Casa de David foi perdendo importância até ser deportada, mas a promessa do Messias continua.

3. 3 – Crónicas e Esdras-Neemias Por volta do séc. IV a. C. , 3. 3 – Crónicas e Esdras-Neemias Por volta do séc. IV a. C. , já depois do Exílio, vem a lume, entre os judeus, uma vasta síntese de perspectiva histórica como a obra deuteronomista: a colecção bíblica chamada do Cronista. Compreende os dois livros das Crónicas (inicialmente eram só um), e os livros de Esdras e Neemias (inicialmente só um, com o nome de Esdras). Livros das Crónicas: 1 e 2 Livros de Esdras e Neemias Narram a história da salvação desde Adão até o decreto de Ciro que permitiu a volta a Israel. Os protagonistas são os israelitas, a quem se dedicam amplas genealogias; David, o rei ideal, onde não se encontram os defeitos mostrados em Samuel; e o Templo e sua organização. Esdras é o sacerdote e escriba encarregue de reconstruir a vida religiosa dos judeus e restaurar o culto a Deus; Neemias é o governante encarregue de reconstruir as muralhas, organizando a sociedade no recém povo judeu regressado, inclusive a defesa. A Versão dos Setenta em grego e dá-lhe o título de Paralipoménia (Paralipómenos), que significa «coisas omissas» ; as Crónicas eram vistas por suplemento dos livros de Samuel e dos reis. É o único relato da época pós-exílica conservado na Bíblia. Trata de dois períodos: o primeiro, a seguir do Exílio à reconstrução do Templo (515 a. C. ); o segundo, relativo às actividades de Esdras e Neemias (a partir de 458 a. C. ou 445 a. C. ). Por vezes há confusão entre os dois períodos. Vão sendo consolidadas as bases do judaísmo: a Tora, o Templo… Divisão. 1. Genealogias (1 Cro, 1 -9); 2. Reinado de David (1 Cro, 10 -29); 3. Reinado de Salomão (2 Cro, 1 -9); 4. Reis de Judá (2 Cro, 10 -35); 5. Queda do Reino de Judá (2 Cro, 36): termina com o decreto de Ciro. Ensinamentos: clara intenção didáctica através das histórias seleccionadas para a narração. Pretendem animar os judeus que voltaram recentemente do Exílio e que não conheciam o anterior Templo. Pretende-se ensinar: o plano providencial de Deus através da história, dirigida para o povo hebreu; exaltação dos hebreus como depositários das promessas de Deus; povo judeu, como comunidade cultual do verdadeiro Deus; Esperanças messiânicas presentes; importância do templo e culto.

3. 4 – Outros livros históricos Rute História sobre a compaixão de Rute sobre 3. 4 – Outros livros históricos Rute História sobre a compaixão de Rute sobre a sua sogra, Noemi. Rute fica viúva e abandona a sua terra, de Moab e regressa com Noemi à terra natal desta: Belém. Rute casa-se com Booz, parente de Noemi e incorpora-se ao povo de Israel; dela nascerá Obed, pai de Jessé e avô de David. Tobias A finalidade do livro é moral, religiosa e didáctica, através de uma história fictícia. Domina a ideia que Deus protege os justos; fica clara a doutrina cristã e judaica sobre os anjos; importância para a santidade no matrimónio; ensina a oração, esmola e confiança em Deus. 1ª parte: Desgraça de Tobias em Nínive e de Sara em Media; 2ª - Viagem de Tobias, junto com o arcanjo São Rafael (Tobias não o sabe…); 3ª - Casamento de Sara e Tobias; 4ª- Cura de Tobite. Judite Convida os judeus, povo débil e pouco numeroso a não desanimarem perante os poderosos. O general assírio Holofernes seduzido e assassinado pela bela Judite, representa as forças do Mal. Judite, a judia, simboliza o povo de Deus Ester Situa-se no império persa, na corte do rei Assuero (séc. V a. C. ). O núcleo do relato é o projecto do extermínio total dos judeus ( «solução final» ), idealizado pelo primeiro ministro Aman. A judia Ester tinha sido desposada há pouco com o rei, e este dera o seu aval à chacina. Mas a situação inverte-se pela intervenção de Ester: este acontecimento será celebrado na festa do Purim. Vê-se a actuação da Providência pela actuação de Ester, uma chamada de esperança em Deus, aparece a eficácia da oração. Livros dos Macabeus: 1 e 2 Livros que narram a perseguição contra os judeus na Terra Prometida por Antíoco IV; além destes dois, há outros dois, o III e o IV Macabeus, considerados apócrifos por judeus e cristãos. Narra-se a rebelião de Matatias e dos seus cinco filhos, chamados de Macabeus: um deles, Judas Macabeu, chegou a expulsar os selêucidas e fundar um reino judaico independente, o primeiro deste o Exílio da Babilónia. A perseguição religiosa deu-se no ano 167 a. C. Judas fundou uma dinastia, chamada de Macabeia ou Asmoneia, que chegou à época de Jesus Cristo. Abarca desde a subida ao trono de Antíoco IV (175 a. C. ), até à morte de Simão, o último irmão Macabeu (134 a. C. ); os verdadeiros protagonistas são os “piedosos” que sustentam o combate contra o helenismo. O 2 Macabeus não é a continuação do primeiro, mas é a repetição entusiasta da história de Judas Macabeu, narrada em 1 Mac, mas destaca mais o carácter religioso da luta dos Macabeus. O 2 Macabeus insiste em mais algumas doutrinas: preocupa-se mais com o judaísmo, do que com a glória dos Macabeus, afirma a ressurreição dos corpos e a oração pelos mortos. Nestes livros aparece a fidelidade à Lei de Deus e a segurança na Providência divina se se é fiel a ela.

4. Os livros sapienciais e poéticos (didácticos) 4. Os livros sapienciais e poéticos (didácticos)

4. 1 – Literatura poética: Cântico dos Cânticos e Salmos Além destes dois, as 4. 1 – Literatura poética: Cântico dos Cânticos e Salmos Além destes dois, as Lamentações também são literatura poética, mas analisa-se com os proféticos. Muitas poesias se compunham mais para serem cantadas do que lidas: como os Salmos. Algumas destas usavam-se na liturgia judaico, no Templo ou na Sinagoga. Características da poesia hebraica. A língua hebraica é praticamente apropriada para a poesia: concreta, desprovida de abstracções, com vasta predominância de substantivos e verbos, com o condão das imagens e figuras. Alguns elementos constitutivos: Paralelismo: sinonímico, como: «Quem poderá, Senhor, residir no Vosso santuário? Quem poderá habitar na Vossa montanha santa? » (Sl 15, 1); ou antitético, como: «O filho sábio é a alegria de seu pai, o insensato é a tristeza de sua mãe» (Prov 10, 1). Destaque para a estrofe ou conjunto de versos em unidades estilísticas, o refrão, como: «Ó Deus, fazei-nos voltar, mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos» (Sl 80); acróstico alfabético, começando com uma letra do alfabeto, por exemplo Sl 9 -10, etc. ; aleph, beth… A mudança de narrador ou de destinatária, guia e organiza a leitura de certos salmos. Salmos É a grande jóia literária da Bíblia, o coração da Bíblia. É uma colecção de 150 salmos (chamado de saltério), de carácter heterogéneo, nos quais ressoam quase todas as tradições que encontramos dispersas pelos outros livros da Bíblia. A sua elaboração estende-se por longos séculos. A numeração é diferente na Bíblia hebraica (adoptada pelas traduções actuais) e na Vulgata e na dos Setenta: nesta os números que se situam entre o 9 e o 147 levam um número a menos. No texto hebraico, os Salmos dividiam-se em 5 livros. A variedade de temas é enorme, assim como o conteúdo literário, com grande quantidade de recursos estilísticos, ritmo, etc. ; orações; historicamente contem as grandes tradições: êxodo, a terra, a monarquia, o desterro, a esperança, reservando um lugar de destaque a David. Embora alguns salmos possam ser de David, na maior parte das vezes isso não acontece! É difícil classificar os salmos, pela sua heterogeneidade de conteúdo e pelas diferentes épocas em que surgiram: alguns, muito antigos, inspiram-se na poesia cultual de Canaã (por ex. Sl 19); outros são salmos reais, lembram a grande época real (por ex. : Sl 2); uns evocam o Exílio e o período da restauração (Sl 126 e Sl 137); muitos são litúrgicos (ex. Sl 124); poemas de sabedoria, de peregrinações (Sl 120 e Sl 134), etc. Cântico dos Cânticos O nome é um superlativo, como o Santo dos Santos): «o cântico por excelência» . A versão dos Setenta inclui-a entre os livros da sabedoria e a Bíblia hebraica entre os Escritos (estes lêem esse livro na Páscoa). É um grande poema de amor, os protagonistas são dois namorados que tecem um diálogo que, curiosamente é liderado pela mulher ( «ele» e «ela» sem nomes concretos). É atribuído a autoria a Salomão, mas hoje coloca-se em dúvida essa autoria. Dá-se um cruzamento de imagens de símbolos e imagens altamente evocativas; é um texto sensual que determina os direitos do amor humano: separa-o da divinização da sexualidade como era praticada no Oriente antigo. Os judeus e os cristãos vêem nele, a representação alegórica entre Deus e Seu povo.

4. 2 – Livros sapienciais: Job, Provérbios, Eclesiastes, Sabedoria e Eclesiástico Estes livros caracterizam-se 4. 2 – Livros sapienciais: Job, Provérbios, Eclesiastes, Sabedoria e Eclesiástico Estes livros caracterizam-se por serem transmissores de sabedoria; por tal deve entender-se uma transmissão de conhecimentos adquiridos por experiência. Os hinos da sabedoria são poemas onde a sabedoria aparece “personificada” e em que a mesma Sabedoria faz o seu próprio elogio; destacam-se Prov 8, 22 -31; Ecl 24; Sab 7. Os temas principais são: o próprio homem, sua natureza, virtudes e defeitos. Além dos cinco livros sapienciais há mais literatura sapiencial. Job Sabedoria Enfrenta o tema do sofrimento entendido como provação do homem. O autor recusa o conceito de retribuição divina, superando a concepção simplista que vê no sofrimento uma consequência do pecado. É um livro sem data certa, mas que deverá remontar ao séc. V a. C. Provavelmente o último a ser escrito do A. T. , reflecte a influência do pensamento helenístico. O autor, preocupado com as questões que atormentam a alma humana, apresenta a sabedoria como âncora de salvação para o homem. Provérbios Eclesiástico (Ben Sirá) Caracteriza-se pelo seu aspecto antológico e composto, em parte, devido à retomada de diversos séculos de reflexão sapiencial; e, em parte, devido ao trabalho de recolha feita em épocas diferentes. Prov 10 -29 poderão ser de antes do Exílio, o Prólogo (Prov 1 -9) datará do séc. V a. C. Prov 30 -31 são de época incerta. Pode remontar a 190 -180 a. C. e trata de um tipo de sabedoria oposto ao de Qoelet. Este elabora uma receita para uma vida serena, em tom optimista. O seu raciocínio filosófico roda em torno da questão da natureza do homem e seu destino. Eclesiastes (ou Coélet) Interpreta os acontecimentos da vida de modo negativo, com um pessimismo irremediável. Mas um discípulo, talvez pouco à vontade com as posições do mestre, tentou mitigar o tom da obra com um “final feliz” (Ecl 12, 9 -14). «Ilusão das ilusãos – disse Qohélet – ilusão das ilusões: tudo é ilusão. Que proveito pode tirar o homem de todo o esforço que faz debaixo do Sol’» (Ecl 1, 2 -3).

5. Os livros proféticos 5. Os livros proféticos

5. 1 – Os profetas Profetas designa simultaneamente, quer a pessoa dos profetas, quer 5. 1 – Os profetas Profetas designa simultaneamente, quer a pessoa dos profetas, quer os escritos que tiveram origem naquilo que disseram. São 18 livros proféticos, correspondentes a 16 profetas, quatro maiores e doze menores. segundo o tamanho dos livros, os profetas classificam-se em: maiores (Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, a que se junta as Lamentações e Baruc (secretário de Jeremias). A Bíblia hebraica distingue entre os primeiros profetas (desde o final do Êxodo ao Exílio), como Natan, Elias, Eliseu e Isaías; «últimos profetas» são os profetas propriamente ditos (profetas escritores). Existe um antecedente do profeta que eram as confrarias de profetas, grupos de devotos, chamados também de profetas, que viviam à volta dos principais santuários judaicos e entravam em êxtase ao som de danças e estupefacientes, para entrarem em contacto com Deus; alguns criaram comunidades de fieis semelhantes a comunidades de monges. Noutras culturas vizinhas, existia outro tipo de profetismo, parecidos com adivinhos, através de comportamento extático, adivinhação, interpretação de sonhos, etc. , para revelar a vontade divina e a intenção do deus determinado (por ex. os profetas de baal); normalmente para aconselhar os reis. Também houve falsos profetas, personagens que tentaram falar em nome de Deus (por ex. em 1 Rs 22, 5 -23); em Dt 18, 1 -22 dá-se as regras para distinguir os falsos profetas dos autênticos. O termo «profeta» deriva do grego prophètès e significa «aquele que fala no lugar do outro» (que é Deus). Características dos profetas bíblicos. A sua vocação é um “mandato” recebido ou imposto por Deus para benefício do povo; o seu monoteísmo, enfatizando a presença e transcendência divina: o profeta não pode fugir a esse chamamento profético; uma grande solicitude com o homem, que faz deles , mediadores entre Deus e o homem, a ponto de assumirem o pecado do seu povo e participarem do seu castigo; apelo constante à fidelidade à Aliança com Deus; forte sentido de justiça social, sem temor de denunciar abertamente qualquer pessoa. Os profetas anunciam a mensagem de Deus, incutem esperança, mas também denunciam as injustiças abertamente. Os profetas podem classificar-se em: Período antigo (Moisés, Natan, Elias, Eliseu…); Profetismo clássico (sécs. VIII a VI a. C) : Pré-exílicos: período assírio (s. VIII a. C. ): Amós, Oseias, Isaías 1 a 39, Miqueias; período babilónico (s. VII-VI): Sofonias, Naum, Jeremias, Habacuc; Do exílio (587538 a. C. ): Ezequiel e Isaías 40 -55; Período de transformação no Pós-exílicos (s VI-II a. C. ): Ageu, Zacarias 1 a 8, Isaías 56 -66, Abdias, Malaquias, Jonas, Joel, Zacarias 9 -14, Baruc, Daniel. Aqui a importância do profeta esfuma-se, devido à elaboração das bases do sistema teocrático do judaísmo, Tora, escribas e sacerdotes. Formação dos livros proféticos. A maioria dos livros forma-se por várias etapas. 1. Textos do próprio proftea (são raros); 2. Textos recolhidos pelos discípulos; 3. Redactor final dá unidade ao conteúdo. O oráculo é a forma habitual de expressão. O oracúlo de condenação; de salvação, de tipo messiânico, ou escatológico; oráculo judicial; no oráculo tem duas partes: a acusação e a sentença. outras formas: acções simbólicas, o profeta executa acções e depois explica o significado; outros são cânticos, visões, orações, sonhos…Os temas mais importantes dos livros proféticos são: o monoteísmo, a esperança messiânica, a doutrina moral e social. A função desses livros é fazer mudar o coração dos homens, preparando o povo eleito para receber o Senhor.

5. 2 – Os profetas maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel Isaías Jeremias O 5. 2 – Os profetas maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel Isaías Jeremias O livro de Isaías é um só, mas os especialistas costumam dividi-lo em três: Is 1 -39 - profeta do séc. VIII a. C. ; Is 40 -55 – profeta do tempo do exílio; Is 56 -66 - seria uma colecção anónima posterior ao exílio. Nasce em Ananot, perto de Jerusalém, profetiza no séc. VI a. C. ; insiste em que o rei deve aliar-se a Nabucodonosor e não com o Egipto, como era a política real. A sua pregação insiste no submetimento á vontade de Deus e a confiança plena em Deus. É uma das figuras mais atraentes da Bíblia, todo ele sensibilidade e interioridade; a conversão do coração é seu tema favorito; a religião de Javé atinge nele uma profundidade nunca alcançada. Toda a obra exprime a grandeza do Senhor, senhor do mundo e da história, e a necessidade de proclamar a sua glória ao universo inteiro. Um dos temas mais importantes é a “santidade” ou transcendência de Deus, forja a expressão «Javé, o santo de Israel» presente ao longo do livro. E como a opressão dos fracos é uma ofensa à santidade de Deus, Isaías fala, com veemência, da justiça social como directamente ligada à santidade divina. Algumas passagens. O Livro de Emanuel (Is 7 -12). Carácter messiânico e cristológico; Isaías anuncia ao incrédulo rei Acaz uma grande esperança: o nascimento de um filho salvador de uma mãe misteriosa. Os Cantos do Servo de Javé (Deus promete a salvação ao seu povo a toda a humanidade através de uma personagem misteriosa, o Servo de Javé, que realiza a sua missão através do sofrimento. «Brotará um rebento do tronco de Jessé, e um renovo brotará das suas raízes. Sobre ele repousará o espírito do Senhor» . (Is 11, 1 -2). Lamentações Atribuído a Jeremias, escrito em forma poética, embora não pareça que ele fosse o autor. Coloca a tónica na gravidade do pecado, que é a verdadeira causa de todos os males. É uma colecção de cinco cantos de dor pela devastação da Cidade Santa. Baruc é secretário de Jeremias. Contém dois textos independentes: umas considerações sobre a queda de Jerusalém e as condições dos exilados e uma Carta de Jeremias aos deportados (Br 6); por vezes esta carta é considerado um texto independente.

5. 2 – Os profetas maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel Ezequiel é um 5. 2 – Os profetas maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel Ezequiel é um sacerdote, deportado no ano 597 a. C. com o primeiro grupo, o do Rei Joaquim; cinco anos mais tarde teve uma visão junto ao Eufrates, começa a sua actividade de profeta, seguindo-se outras. A sua maior preocupação seria o culto e o Templo. É um profeta escritor. Não se insere na verdadeira corrente profética. Daniel é um livro apocalíptico, que tem como finalidade sustentar a fé e a esperança dos judeus num momento muito sombrio de perseguição (séc. II a. C. perseguição de Antioco Epifánio). Divisão. 1ª parte (Ez 1 -24): temas: juízo de Deus sobre Jerusalém; colocar de lado toda a ilusão de um final breve do Exílio; 2ª parte (Ex 24 -48): temas: a esperança vivida no exílio; regresso e reconstrução da comunidade da aliança em volta do templo. Narra diversas visões (o carro divino, os ossos ressequidos, o Templo celeste…). Destaca a santidade de Deus, o pecado enquanto ofensa a Deus, a transcendência de Deus; ou seja, a essência de Deus, a moral e a esperança na salvação. «A mão do Senhor desceu sobre mim; então, conduziu-me em espírito e colocou-me no meio de um vale que estava cheio de ossos» (Ez 37, 1 -2) Daniel tem partes deuterocanónicas. 1ª parte - Histórias de Daniel, os três jovens, o banquete de Baltasar com os vasos do Templo, recusa de Daniel a adorar a estátua de Dario, Daniel arrojado aos leões. 2ª parte – visões de Daniel; afirma a ressurreição dos mortos; 3ª parte - partes deuterocanónicas dos Setenta: Oração de Azarias, cântico dos três jovens na fornalha, episódio de Susana e o de Bel e o dragão. É importante a profecia das 70 semanas de anos (Dan 9, 24), que destaca que os desígnios de Deus com o Seu povo são desígnios históricos, a história é governada pela providência divina. «Quanto tempo durará o que anuncia a visão, a propósito do holocausto perpétuo, da abominação devastadora, do abandono do santuário e do exército dos fiéis calcado aos pés? Aquele respondeu: «Duas mil e trezentas tardes e manhãs. Depois disso, o santuário será restaurado» (Dn 8, 1314)

5. 3 – Os “Doze” profetas menores É considerado um único livro na Bíblia 5. 3 – Os “Doze” profetas menores É considerado um único livro na Bíblia hebraica. Uma palavra sobre cada um… Oseias Naum Reino do Norte (séc. VIII a. C. ): a sua obra está marcada por uma experiência matrimonial infeliz, interpretada como a aliança de Deus e o Seu povo. Séc. VII a. C. , Reino do Norte. O nacionalismo violento do discurso anda nele a par com um grande ideal de justiça e de fé. Joel Habacuc O «Dia de Javé» é o tema principal. Amós Reino do Norte, séc. VIII a. C. Primeiro profeta de quem se conservam os escritos. Manifesta-se num período próspero: reinam as despreocupações, desprezo pelos desprotegidos, mas ele anuncia terríveis catástrofes. Abdias Séc. VI a. C. Texto mais curto do AT; tema o «Dia de Javé» . Jonas Mais do que uma profecia é uma parábola. Jonas foge da missão que Deus lhe deu: pregar a penitência em Nínive. Mais tarde, como punição, passa três dias no seio de um grande peixe; arrependido volta e prega em Nínive que é poupada, graças à intervenção salvadora de Deus. Miqueias Contemporâneo de Isaías. Camponês, ataca a opressão social, anuncia a renovação da dinastia de David a partir de Belém; tema do “resto” importante, do que sobrevive do povo após as provações. Coloca-se o problema do mal; uma verdade permanece: «O justo viverá pela sua fidelidade» (Hab 2, 4). Sofonias Séc. VII a. C. «Dia de Javé» ; a salvação é prometida apenas a um “resto” humilde e modesto. Ageu Tema central, a reconstrução do Templo. Zacarias Reconstrução nacional, exigências morais e religiosas; há três fases de redacção. Malaquias Anuncia-se uma era messiânica; fala num «Anjo da Aliança» (3, 1) identificado nos evangelhos com João Baptista.

6. Uma análise de um texto: Segundo Relato da Criação (Gn 2, 4 b-3, 6. Uma análise de um texto: Segundo Relato da Criação (Gn 2, 4 b-3, 24)

6 – Uma análise de um texto: Segundo Relato da Criação (Gn 2, 4 6 – Uma análise de um texto: Segundo Relato da Criação (Gn 2, 4 b-3, 24) Trata-se do Segundo Relato da Criação diferente do Primeiro em teologia, linguagem e forma. Este Relato não é Javista apesar de partilhar algumas características; de facto, os profetas anteriores ao Cativeiro da Babilónia (Isaías, Jeremias, etc) não falam de um Jardin do Éden; no entanto, Ezequiel, profeta do Cativeiro já fala num Jardim do Éden: é esse “silêncio dos profetas” que leva a pensar que não surgiu em 950 a. C. (início da Tradição javista), mas na altura do Cativeiro. Aqui os profetas e sacerdotes exilados interrogam-se sobre as grandes questões da humanidade, como: Quem criou o homem? Por que é o ser mais perfeito da criação? De onde vem o mal? , etc. A finalidade do Relato é dar a conhecer o Deus Criador, que criou o homem e mulher, profundamente unidos e um lugar perfeito para viverem; no entanto, por causa do pecado do homem (desobediência e querer ser como Deus) a maldição surge. A finalidade última é a de fazer que o Povo de Israel se volte para o verdadeiro Deus já virado para cultos de Canaã, de fecundidade; é uma analogia do Povo de Israel com este Relato: o Povo é exilado para o Cativeiro, assim como Adão e Eva é expulso do Jardim. Gn 2, 5: «não havia arbusto» . Gn 2, 8: «Depois, o Senhor plantou um jardim no Éden, no oriente…» . Deus Significa que a terra era um local seco, árido, semelhante à terra perto do Mar Morto (a ocidente deste). Gn 2, 4: «O Senhor Deus fez a Terra e os céus…» . Ou seja, fez tudo o conhecido: é um quiasmo, figura de estilo, a terra é tudo o acessível ao homem e os céus tudo o que o transcende; esse momento da Criação não é uma referência cronológica, mas sim refere-se às raízes da condição do mundo em sentido ontológico; embora o texto seja poético e não histórico (insere-se no Mito, tenta explicar o que não tem explicação racional), esse momento da criação pode ser considerado histórico, pois há um momento em que as coisas começaram a existir. Deus não foi Criador, mas é Criador e continua a ser. A constante repetição de «Senhor Deus» no relato é para mostrar que Ele é central. Gn 2, 7: «O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida, e o homem transformou-se num ser vivo» . Quer dizer que o homem participa da condição divina (é mais do que os animais e do que a Terra); adam (daí Adão) significa terra ou húmus, daí «humanidade» e adamah é o barro. prepara as condições para o homem ser feliz, cria-lhe um Jardim (especial em terra árida); não há a intenção de o localizar, «a oriente» é daí que vem a luz; os rios Tigre e Eufrates são para dar a ideia de grandeza desse rio (fala-se tb em nascente: nasce ou não lá? ). Gn 2, 12: a referência a pedras preciosas é para dizer que o Éden é um local de eleição. Em todo o Relato, há a ideia de um Deus não transcendente, mas sim, antropomórfico, por ex. : Gn 3, 9: «Onde estás? » ; Gn 2, 18: «Não é conveniente que o homem esteja só» , etc. Dá a ideia de um Deus não omnisciente (Ele já devia saber isso antes!). Aqui compartilha características do javismo. Temos: Deus oleiro, jardineiro, cirurgião e depois juiz. Tenta explicar a origem do trabalho.

6 – Uma análise de um texto: Segundo Relato da Criação (Gn 2, 4 6 – Uma análise de um texto: Segundo Relato da Criação (Gn 2, 4 b-3, 24) Gn 2, 15: «O Senhor Deus levou o homem e colocou-o no jardim do Éden…» : esquecer-se-ia Deus que já tinha colocado o homem no Jardim mais acima (Gn 2, 8: «e nele colocou o homem que tinha formado…» )? Isto prova a existência de várias tradições no texto, que depois foram “cosidas”; o 1º Relato da Criação é SACERDOTAL, como vimos (Deus + transcendente). Transgressão: o mal vem do homem. Gn 2, 26: Deus avisa que não se pode comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal; no entanto, sucumbem à tentação e por meio da serpente são levados a comer o fruto proibido. A serpente é astuta, sabe onde colocar a pedra de toque (Gn 3, 4 : «sereis como Deus» ); a serpente representa o animal impuro (Gn 3, 14) e o culto aos deuses da fecundidade em Canã; por isso eles tapam a cintura (relação com os genitais) em Gn 2, 7. Gn 2, 19: «Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele» . Ao retirar a mulher da costela, o homem dorme: significa que não participa na sua feitura; Gn 2, 23: «Chamar-se-á mulher, visto ter sido tirada do homem» . O ser universal (Adam) passa agora a ser homem e mulher, diferenciados. A mulher é complementar e da mesma natureza que o homem; em hebraico isch (masculino) é a raiz da palavra ishah (feminino), ou seja ambos têm a mesma natureza (a mesma raiz da palavra). Gn 2, 24: «E os dois serão uma só carne» : isto é muito unidos. Gn 3, 9: «Onde estás? » : a pergunta de Deus não se refere a situar o homem, mas sim a perguntar: quem te fez perceber que estás nu? Qual a tua condição? Para onde caístes? Quem te fez perceber da tua fraqueza? É uma pergunta no sentido ontológico, do ser. Gn 3, 15: temos aqui o chamado proto-evangelho: inimizade entre ti e a mulher; a leitura cristã refere-se a Maria, a nova Eva e ao Redentor, Cristo; mas o pecado será vencido. Gn 3, 24: expulsão. O pecado gera o distanciamento de Deus. O homem não deve alcançar ou comer o fruto da árvore da vida; de facto, o homem foi capaz de alcançar a árvore da ciência do bem e do mal, pois com a ajuda de Deus pode progredir na sabedoria; mas nunca será imortal. Gn 3, 12 -14: Depois há um passar de culpas de uns para os outros: o homem culpa a mulher e esta a serpente. É uma chamada de atenção para Israel que sucumbia ao culto da serpente (culto cananeu). Gn 2, 22: «já que se tornou um de nós» , é uma ironia: o homem não foi capaz de cumprir a sua missão de guardador do jardim. , pois sucumbiu à serpente. Estes textos não são importantes em si, não são históricos, mas pretendem dizer que Deus é Criador, dar resposta às grandes questões da humanidade, o que interessa é o valor pedagógico, ou seja, a finalidade do relato. Israel estava a desviar-se de Deus, prestando culto a outros deuses (pecado da idolatria), por isso Judá estava no cativeiro. É por culpa do pecado do homem e da presunção da sabedoria ( Gn 3, 17 «não comas» é uma crítica velada a Salomão, que o viram como sábio, mas deixou o culto a Deus, rebaixando-se). Assim, a relação do Povo de Israel com este Segundo Relato da Criação é evidente. O homem deve mudar de vida, não deve querer ser como Deus; precisa de evitar o pecado, deixando o Relato antever a ideia que o homem conseguirá livrar-se do pecado. O valor deste texto é inquestionável para nós hoje.

7. Bibliografia recomendada (E. F. C. 6) Da Editorial Perpétuo Socorro 7. Bibliografia recomendada (E. F. C. 6) Da Editorial Perpétuo Socorro